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Bolsonaro vê críticas injustas por desmatamento: 'Europa é seita ambiental'

Do UOL*, em São Paulo

16/07/2020 19h25Atualizada em 16/07/2020 21h29

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reclamou hoje do que trata como "acusações injustas" de que maus tratos ao meio ambiente teriam sido permitidos por seu governo. Ele admitiu que medidas precisam ser tomadas, mas alegou que a situação de desmatamento e crimes ambientais não seria tão traumática.

O comentário foi feito hoje na live que Bolsonaro realiza tradicionalmente às quintas-feiras, no Facebook e no YouTube. Segundo ele, há uma "seita ambiental" europeia com interesses em estimular uma suposta "briga comercial" para prejudicar o agronegócio brasileiro.

"O Brasil é uma potência no agronegócio. A Europa é uma seita ambiental, não preservaram nada e atiram em cima de nós o tempo todo de forma injusta, é uma briga comercial. Há interesse em todo o Brasil, somos bombardeados 24 horas por dia. Parte da mídia aproveita o momento para criticar o governo, como se anteriores estivesse uma maravilha a questão ambiental no Brasil", criticou.

"Somos o tempo todo acusados injustamente de maltratar o meio ambiente do Brasil. A imprensa lá fora criticando o Brasil, imprensa que fraudou números para criticar o governo, fica ameaçando o tempo todo. 90% desses focos de calor são em áreas desmatadas. Não é novo incêndio. E 5% são em terras indígenas, o índio que faz isso", comentou o presidente da República.

"Não é que estamos indo bem, tem coisas para fazer, mas não é esse trauma todo que fazem contra o Brasil", completou Bolsonaro. Em seguida, para mostrar ações de apoiadores espalhados pelo Brasil, o presidente exibiu um bloco de fotos impressas em papel sulfite.

O presidente também lamentou que a medida provisória (MP) 910, que tratava da regularização fundiária e ficou conhecida como "MP da grilagem", não tenha sido votada no Congresso, o que fez com que ela caducasse. Para Bolsonaro, a votação da MP não foi pautada porque "a esquerda ainda tem uma influência muito grande dentro do Parlamento", e citou partidos como PT, PDT, Rede Sustentabilidade, PCdoB e PSOL como responsáveis pela pressão que levou à caducidade da proposta.

Mourão admitiu erros sobre meio-ambiente

Ontem, ao UOL Entrevista, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) avaliou que o tom adotado pela campanha de Bolsonaro à Presidência em 2018 pode ter colaborado com a criação de uma imagem de leniência em relação ao desmatamento e aos crimes ambientais.

"O erro [foi que] se criou a falsa imagem da nossa campanha eleitoral de que estava dada largada à temporada de derrubar tudo, avançar nas áreas protegidas, que estaria garantida a posse de terra e não é isso, não vamos compactuar com ilegalidade", afirmou ao colunista do UOL, Tales Faria, e ao repórter Antonio Temóteo.

Mourão reforça que o governo deveria ter deixado mais claro, desde o início, que não iria "aceitar ilegalidade". Além disso, afirmou que deveria ter sido buscada a melhoria da capacidade operacional das agências ambientais.

"Pessoas se aposentaram, fiscais do Ibama estão cedidos a outros lugares. Deveríamos ter buscado mitigar esse erro com concursos e até ter planejamento. Tem que empregar as Forças Armadas, porque elas têm capacidade logística", afirmou.

"O erro foi não ter sido mais repressivo com essas ações ilegais".

Governo proíbe queimadas por 120 dias no país

O governo publicou hoje no Diário Oficial da União um decreto que proíbe queimadas em todo o território nacional por 120 dias. O decreto é assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

A medida é adotada após pressão de empresários e investidores, que cobram atitudes do governo para combater o avanço do desmatamento na Amazônia.

No início do mês, dados do governo mostraram que o número de focos de incêndio na floresta amazônica do Brasil aumentou 20% em junho e atingiu o nível mais alto em 13 anos para este mês.

*Com Estadão Conteúdo