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Israel aumenta ataques a Gaza; palestinos lançam foguetes contra o país

06/08/2022 08h47

Caças israelenses bombardearam alvos em Gaza na manhã de hoje, após o acirramento das tensões na região gerado por ataques aéreos que mataram ao menos 11 pessoas, incluindo o líder da milícia Jihad Islâmica.

Militantes palestinos reagiram com o lançamento de vários projéteis contra o sul do território de Israel. Os combates continuaram durante a noite, o que gerou temores sobre o início de uma nova guerra entre os dois lados.

A mais recente onda de violência em Gaza teve início com a morte de Taisir al-Jabari, líder da Jihad Islâmica na Cisjordânia, durante operações israelenses na região que já duram um mês. No início da semana, Israel bloqueou estradas em Gaza e enviou reforços às fronteiras com o território.

Jabari liderava a Jihad Islâmica desde a morte de seu antecessor em 2019, em outro ataque aéreo de Israel, que também resultou em uma onda de conflito.

Centenas de pessoas tomaram parte na procissão do funeral do líder islamista e das demais vítimas dos bombardeios, entre as quais também estava uma menina de cinco anos de idade.

Fumaça no horizonte da Faixa de Gaza - REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa - REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
Fumaça no horizonte da Faixa de Gaza
Imagem: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

Um porta-voz do Exército israelense disse os ataques que mataram Jabari ocorreram em resposta a "ameaças iminentes" de dois esquadrões de militantes armados com mísseis antitanque. Segundo afirmou, ele foi designado como alvo por ter sido responsável por "múltiplos ataques" a Israel.

Autoridades israelenses relataram que em torno de 190 projéteis foram lançados contra Israel nas últimas horas, na grande maioria, sendo interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro ou atingindo locais inóspitos. Sirenes de alerta soaram em vários subúrbios de Tel Aviv nesta sexta-feira.

A ataques israelenses a alvos terroristas continuaram ainda na manhã deste sábado. A Defesa de Israel disse estar preparada para uma semana de novas operações contra militantes palestinos.

Desafio para premiê interino

Em pronunciamento nesta sexta-feira, o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, disse que seu país lançou o ataque em reação ao que chamou de "ameaças concretas".

"Este governo adota uma política de tolerância zero contra qualquer tentativa de ataque - de qualquer tipo - a partir de Gaza contra o território israelense", disse Lapid. "Israel não ficará inerte enquanto houver aqueles que tentam ferir seus cidadãos."

"Israel não tem interesse em um conflito mais amplo em Gaza, mas não se omitirá se isso vier a ocorrer", completou.

Sistema de defesa de Israel intercepta foguetes disparados por militantes palestinos - REUTERS/Ilan Rosenberg - REUTERS/Ilan Rosenberg
Sistema de defesa de Israel intercepta foguetes disparados por militantes palestinos
Imagem: REUTERS/Ilan Rosenberg

O episódio de violência acaba sendo também um teste para Lapid, que assumiu como primeiro-ministro interino antes das eleições em novembro, quando espera se manter no cargo.

O político de centro - um ex-apresentador de televisão e escritor - possui alguma experiência diplomática depois de atuar como ministro do Exterior do governo em fim de mandato, mas tem poucas credenciais no que diz respeito à segurança.

Um conflito em Gaza poderia servir para lhe dar um novo impulso em questões de segurança, antes de enfrentar nas urnas o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, bastante experiente em termos de defesa, que governou o país durante três das quatro guerras com o Hamas.

O dilema do Hamas

O Hamas parece hesitar sobre seu envolvimento em um novo conflito, enquanto ainda lida com a devastação causada pela última guerra com Israel, há cerca de um ano.

O grupo islamista, que governa o enclave palestino desde 2007, já travou quatro guerras contra os israelenses, além de inúmeras batalhas de menor proporção nos últimos 15 anos, que geraram enormes prejuízos para o território que abriga dois milhões de palestinos.

Os esforços de reconstrução dos danos causados pelos bombardeios durante a última guerra foram quase nulos, enquanto a população sofre com o aumento da pobreza e do desemprego que atinge quase 50% da população.