Venezuela entre a continuidade de Maduro e a mudança de Capriles
José Luis Paniagua.
Caracas, 11 abr (EFE).- Sob a sombra de Hugo Chávez, a Venezuela viveu uma curta e intensa campanha na qual o candidato do governo, Nicolás Maduro, optou pelo discurso da continuidade, enquanto o da oposição, Henrique Capriles, prometeu mudanças.
O país elegerá em 14 de abril o presidente que, em 2019, terminará o mandato que Chávez, morto em 5 de março após perder a luta contra o câncer, começou em 10 de janeiro.
A morte de Chávez é o elemento que dominou a rotina da Venezuela e que se tornou o eixo principal de uma campanha oficial de apenas dez dias, mas que na verdade teve início logo após o falecimento do governante.
Maduro fez todos os tipos de homenagens, referências e promessas para continuar seu legado, enquanto Capriles se esforçou para separar Maduro da imagem do homem que governou a Venezuela durante 14 anos, desde 1999.
O candidato governista optou pela espiritualidade e a homenagens a Chávez para pedir votos. O site "madurodice" assegura que o candidato chavista mencionou o nome do falecido governante mais de seis mil vezes após sua morte.
Sem dúvidas, o comentário que marcou a campanha foi a revelação de que Chávez teria aparecido para Maduro em forma de "passarinho" em uma capela de Barinas, terra natal do falecido líder.
"O senti como se estivesse nos dando uma bênção, dizendo: 'hoje começa a batalha, sigam à vitória", relatou Maduro, que perante as críticas defendeu sua "espiritualidade" e transformou o canto do tal pássaro em parte do seu repertório em cada ato.
As palavras de Maduro levaram o dirigente opositor Leopoldo López a afirmar que uma pessoa que "está vendo um passarinho e diz que esse passarinho está dando instruções obviamente deve passar por uma avaliação do seu equilíbrio mental". No entanto, a oposição não explorou tanto essa questão.
Na condição de presidente interino, Maduro aprovou verbas para diferentes projetos e prometeu mais programas emblemáticos de Chávez, como o Misión Vivienda, com o objetivo de ajudar mais de três milhões de pessoas a terem suas casas próprias.
O candidato da situação também se comprometeu a solucionar a insegurança e os crimes, que no ano passado deixaram 16 mil mortos no país; além de lutar contra a corrupção de funcionários públicos "traidores".
Seus atos de campanha tiveram mais semelhanças com uma celebração religiosa do que com uma apresentação política, e nela os insultos e os impropérios foram, mais uma vez, elementos frequentes.
Maduro chegou a dizer que os opositores liderados por Capriles, descendente de judeus do gueto de Varsóvia, são "herdeiros de Hitler".
Menos de seis meses depois das eleições presidenciais de outubro, quando foi derrotado por Chávez, Capriles reiterou o programa político que apresentou na época e voltou a prometer oportunidades para todos, o aumento do salário mínimo e o fim do uso dos recursos petrolíferos do país como um "presente".
Capriles insistiu que Maduro não é Chávez, o acusou de promover a desvalorização do bolívar e assegurou que ele destruiu o país nos 100 dias em que está no poder (desde que Chávez partiu para Havana, em 8 de dezembro).
O governador de Miranda deu prosseguimento ao discurso de unidade afirmando que não é o candidato da oposição, e sim o candidato dos venezuelanos, e acusou reiteradamente Maduro de se esconder sob a figura de Chávez porque não tem "liderança nem nada para propor".
Capriles requisitou um debate pela televisão com Maduro, que não aceitou, mas rejeitou ser entrevistado pela televisão pública por considerar que a emissora está a serviço do governo.
Seguindo uma denúncia de sua equipe de campanha, Capriles afirmou que chavistas têm acesso a senhas do sistema de urnas eleitorais, embora a própria oposição tenha se apressado em dizer que não se trata de um acesso que possa influir no resultado do pleito.
A principal denúncia de Capriles foi, desde o princípio, a desigualdade nos recursos do governo, tanto que chegou a pedir a análise de onde procedem os fundos da campanha da situação.
Caracas, 11 abr (EFE).- Sob a sombra de Hugo Chávez, a Venezuela viveu uma curta e intensa campanha na qual o candidato do governo, Nicolás Maduro, optou pelo discurso da continuidade, enquanto o da oposição, Henrique Capriles, prometeu mudanças.
O país elegerá em 14 de abril o presidente que, em 2019, terminará o mandato que Chávez, morto em 5 de março após perder a luta contra o câncer, começou em 10 de janeiro.
A morte de Chávez é o elemento que dominou a rotina da Venezuela e que se tornou o eixo principal de uma campanha oficial de apenas dez dias, mas que na verdade teve início logo após o falecimento do governante.
Maduro fez todos os tipos de homenagens, referências e promessas para continuar seu legado, enquanto Capriles se esforçou para separar Maduro da imagem do homem que governou a Venezuela durante 14 anos, desde 1999.
O candidato governista optou pela espiritualidade e a homenagens a Chávez para pedir votos. O site "madurodice" assegura que o candidato chavista mencionou o nome do falecido governante mais de seis mil vezes após sua morte.
Sem dúvidas, o comentário que marcou a campanha foi a revelação de que Chávez teria aparecido para Maduro em forma de "passarinho" em uma capela de Barinas, terra natal do falecido líder.
"O senti como se estivesse nos dando uma bênção, dizendo: 'hoje começa a batalha, sigam à vitória", relatou Maduro, que perante as críticas defendeu sua "espiritualidade" e transformou o canto do tal pássaro em parte do seu repertório em cada ato.
As palavras de Maduro levaram o dirigente opositor Leopoldo López a afirmar que uma pessoa que "está vendo um passarinho e diz que esse passarinho está dando instruções obviamente deve passar por uma avaliação do seu equilíbrio mental". No entanto, a oposição não explorou tanto essa questão.
Na condição de presidente interino, Maduro aprovou verbas para diferentes projetos e prometeu mais programas emblemáticos de Chávez, como o Misión Vivienda, com o objetivo de ajudar mais de três milhões de pessoas a terem suas casas próprias.
O candidato da situação também se comprometeu a solucionar a insegurança e os crimes, que no ano passado deixaram 16 mil mortos no país; além de lutar contra a corrupção de funcionários públicos "traidores".
Seus atos de campanha tiveram mais semelhanças com uma celebração religiosa do que com uma apresentação política, e nela os insultos e os impropérios foram, mais uma vez, elementos frequentes.
Maduro chegou a dizer que os opositores liderados por Capriles, descendente de judeus do gueto de Varsóvia, são "herdeiros de Hitler".
Menos de seis meses depois das eleições presidenciais de outubro, quando foi derrotado por Chávez, Capriles reiterou o programa político que apresentou na época e voltou a prometer oportunidades para todos, o aumento do salário mínimo e o fim do uso dos recursos petrolíferos do país como um "presente".
Capriles insistiu que Maduro não é Chávez, o acusou de promover a desvalorização do bolívar e assegurou que ele destruiu o país nos 100 dias em que está no poder (desde que Chávez partiu para Havana, em 8 de dezembro).
O governador de Miranda deu prosseguimento ao discurso de unidade afirmando que não é o candidato da oposição, e sim o candidato dos venezuelanos, e acusou reiteradamente Maduro de se esconder sob a figura de Chávez porque não tem "liderança nem nada para propor".
Capriles requisitou um debate pela televisão com Maduro, que não aceitou, mas rejeitou ser entrevistado pela televisão pública por considerar que a emissora está a serviço do governo.
Seguindo uma denúncia de sua equipe de campanha, Capriles afirmou que chavistas têm acesso a senhas do sistema de urnas eleitorais, embora a própria oposição tenha se apressado em dizer que não se trata de um acesso que possa influir no resultado do pleito.
A principal denúncia de Capriles foi, desde o princípio, a desigualdade nos recursos do governo, tanto que chegou a pedir a análise de onde procedem os fundos da campanha da situação.
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