Adolescente palestino assassinado foi queimado vivo, indica exame preliminar

Em Jerusalém

  • Ahmad Gharabli/AFP

    Multidão acompanhou velório de palestino

    Multidão acompanhou velório de palestino

O resultado preliminar da autópsia do corpo do adolescente palestino assassinado esta semana em Jerusalém, supostamente por ultranacionalistas judeus, indicou que ele foi queimado vivo, informou o procurador-geral palestino, Mohamad Abdel Ghani Uweili.

Em declarações divulgadas pela agência de notícias local "Ma'an", o promotor explicou que os legistas encontraram traços de fuligem e fumaça na garganta e nos pulmões de Mohamad Abu Jedeir, de 16 anos, que comprovam que ele ainda respirava quando atearam fogo.

"Mohamad tinha também um forte ferimento na cabeça, mas essa não foi a causa da morte", explicou Uweili, que anunciou que o resultado definitivo do exame, que contou com a presença de legista palestino, se conhecerá nas próximas horas.

Abu Jedeir desapareceu na terça-feira no bairro de Suafat, em Jerusalém Oriental, onde foi forçado a entrar em um carro em meio a uma onda de ataques racistas de extremistas judeus em retaliação ao assassinato dias antes de três estudantes israelenses - dois menores de idade - perto da cidade palestina de Hebron.

Seu corpo foi encontrado horas depois, queimado, em uma zona de floresta de Jerusalém Oeste, um crime que a polícia israelense acredita que a principal hipótese é vingança de ultranacionalistas judeus.

O adolescente foi enterrado na sexta-feira em meio a um sentimento de dor e ira neste bairro de Jerusalém Oriental e da polêmica também pela falta de avanços na investigação e no atraso por parte das autoridades israelenses na autópsia e na devolução do corpo à família.

Hoje, um dos principais líderes palestinos, Ahmad Qorei, afirmou à Agência Efe durante o funeral que Jerusalém Oriental é terra ocupada e que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) Palestina "não pode fazer nada além de dar uma pequena proteção aos palestinos".

Conheça os pontos da negociação entre Israel e palestinos
  • Reprodução/BBC
    Estado palestino
    Os palestinos querem um Estado plenamente soberano e independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com a capital em Jerusalém Oriental. Israel quer um Estado palestino desmilitarizado, presença militar no Vale da Cisjordânia da Jordânia e manutenção do controle de seu espaço aéreo e das fronteiras exteriores
  • Mohamad Torokman/Reuters
    Fronteiras e assentamentos judeus
    Os palestinos querem que Israel saia dos territórios que ocupou após a Guerra dos Seis Dias (1967) e desmantele por completo os assentamentos judeus que avançam a fronteira, considerados ilegais pela ONU. Qualquer área dada a Israel seria recompensada. Israel descarta voltar às fronteiras anteriores a 1967, mas aceita deixar partes da Cisjordânia se puder anexar os maiores assentamentos.
  • Cindy Wilk/UOL
    Jerusalém
    Israel anexou a área árabe da Jordânia após 1967 e não aceita a dividir Jerusalém por considerar o local o centro político e religioso da população judia. Já os palestinos querem o leste de Jerusalém como capital do futuro Estado da Palestina. O leste de Jerusalém é considerado um dos lugares sagrados do Islã. A comunidade não reconhece a anexação feita por Israel.
  • Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos
    Refugiados
    Há cerca de 5 milhões de refugiados palestinos, a maioria deles descendentes dos 760 mil palestinos que foram expulsos de suas terras na criação do Estado de Israel, em 1948. Os palestinos exigem que Israel reconheça seu "direito ao retorno", o que Israel rejeita por temer a destruição do Estado de Israel pela demografia. Já Israel quer que os palestinos reconheçam seu Estado.
  • Mahfouz Abu / EFE
    Segurança
    Israel teme que um Estado palestino caia nas mãos do grupo extremista Hamas e seja usado para atacar os judeus. Por isso, insiste em manter medidas de segurança no vale do rio Jordão e pedem que o Estado palestino seja amplamente desmilitarizado. Já os palestinos querem que seu Estado tenha o máximo de atributos de um Estado comum.
  • Abbas Momani/AFP
    Água
    Israel controla a maioria das fontes subterrâneas da Cisjordânia. Os palestinos querem uma distribuição mais igualitária do recurso.

Tensão entre palestinos e israelenses
Tensão entre palestinos e israelenses

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