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Governador de Roraima teme blecaute por conta da crise na Venezuela

Antonio Denarium (PSL) afirmou que, por conta dos impasses na Venezuela, o estado está tendo de utilizar energia proveniente de termoelétricas - Avener Prado/Folhapress
Antonio Denarium (PSL) afirmou que, por conta dos impasses na Venezuela, o estado está tendo de utilizar energia proveniente de termoelétricas Imagem: Avener Prado/Folhapress

22/02/2019 18h02

O governo de Roraima afirmou nesta sexta-feira que teme que ocorra um blecaute energético no estado, já que a Venezuela é a responsável pelo abastecimento elétrico local.

"Nos últimos dias, estamos tendo cortes diários de fornecimento de energia e, como consequência, nossa energia está sendo movida por termoelétricas", disse o governador de Roraima, Antonio Denarium, em mensagem de áudio enviada aos meios de comunicação.

Denarium alertou, no entanto, que este método de obtenção de energia é "muito caro" e "altamente contaminante".

A situação em Roraima se agravou depois que o governo brasileiro anunciou o envio ao país vizinho de um lote de ajuda humanitária com remédios e alimentos neste sábado, o que fez com que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenasse o fechamento da fronteira.

Denarium destacou ainda que Brasil e Venezuela mantêm uma "relação comercial muito intensa" e que o país "precisa dos produtos venezuelanos".

"Nós exportamos alimentos para eles e importamos produtos destinados à agricultura e pecuária, como adubos e caliça", detalhou.

No entanto, a maior preocupação é com relação ao abastecimento de energia hidrelétrica, já que Roraima é o único estado brasileiro que não é integrado ao SIN (Sistema Interligado Nacional), razão pela qual depende integralmente do país vizinho para garantir o fornecimento a seus quase 580.000 habitantes.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), sem a integração ao sistema brasileiro e o fornecimento de energia da Venezuela, a geração térmica para atender Roraima geraria um custo adicional de R$ 1,2 bilhão ao ano.

Para a vereadora Ione Pedroso, presidente da Comissão Fronteiriça da Assembleia de Roraima, o estado também "vem sofrendo muito" com outros problemas.

Em declarações à Efe, a vereadora citou a superlotação de hospitais, a falta de remédios e o crescente aumento populacional, sobretudo na capital Boa Vista e na cidade de Pacaraima, onde está a fronteira terrestre dos dois países.

Ao longo desta sexta-feira alguns venezuelanos tentaram a sorte e buscaram caminhos alternativos e rotas clandestinas para chegar ao território brasileiro.

Durante o dia ocorreram vários episódios de violência, um deles entre uma comunidade indígena com as Forças Armadas da Venezuela no estado venezuelano de Bolívar, que deixou pelo menos dois mortos e 15 feridos.