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Rússia vetará na ONU projeto dos EUA que levaria Venezuela a eleições

O presidente russo Vladimir Putin e o líder dos EUA Donald Trump  - AFP
O presidente russo Vladimir Putin e o líder dos EUA Donald Trump Imagem: AFP

28/02/2019 12h31

A Rússia anunciou nesta quinta-feira que vetará na ONU o projeto de resolução dos Estados Unidos sobre a Venezuela que propõe iniciar um processo político que levaria o país latino-americano a eleições presidenciais.

"Hoje, os EUA tentam fazer uma revanche na plataforma do Conselho de Segurança. Será apresentado para votação um projeto de resolução sobre a Venezuela. Nele não há nada novo. É a mesma mistura de demagogia, acusações recorrentes e ultimato", disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, em entrevista coletiva.

Por isso, a porta-voz acrescentou que "a Rússia não pode apoiar tal projeto".

Moscou apresentará uma resolução alternativa que, segundo a agência "Interfax", defende que devem ser os próprios venezuelanos os que solucionem a crise em seu país por meio de um processo político pacífico baseado no Mecanismo de Montevidéu, que aposta no diálogo e na negociação e foi ativado com a intermediação de Uruguai, México e Comunidade do Caribe (Caricom).

Além disso, o documento considera inadmissíveis tanto a ingerência externa na Venezuela como as ameaças do uso da força contra o país.

Quanto à ajuda humanitária, a minuta russa destaca que qualquer operação deve ser pactuada de antemão com o governo de Nicolás Maduro.

Segundo a imprensa russa, o ministro de Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, manteve consultas hoje em Genebra sobre a resolução russa com o vice-ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Vershinin.

O assunto também será tratado na sexta-feira pela vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, que se reunirá em Moscou com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

Esta será a visita de maior categoria à Rússia de um membro do governo de Nicolás Maduro desde que o chefe do parlamento opositor da Venezuela, Juan Guaidó, se autoproclamou em janeiro presidente interino do país.

Lavrov, que está de viagem na China, denunciou ontem as tentativas "descaradas" de criar "pretextos artificiais" para uma intervenção militar na Venezuela, entre outras coisas, usando uma operação humanitária como fachada.

"Não é casual que as autoridades do Brasil, por exemplo, já tenham declarado que não vão participar eles mesmos, nem disponibilizarão seu território aos americanos para uma agressão contra a Venezuela", comentou Lavrov.

Guaidó negou na terça-feira que Maduro conta com "amplo apoio" do Kremlin em entrevista ao jornal opositor russo "Novaya Gazeta".

"Não houve nenhum novo crédito nem nenhum grande investimento. Simplesmente, declarações públicas. Não considero isto um amplo apoio", disse o líder da oposição venezuelana.

Desde um primeiro momento, o presidente russo, Vladimir Putin, apoiou Maduro diante do que chamou de "ingerência destrutiva" dos EUA, e defendeu o diálogo para solucionar a crise.