Garzón comemora decisão de exumar e transferir restos mortais de Franco
O ex-juiz da Audiência Nacional da Espanha Baltasar Garzón comemorou hoje a decisão do Tribunal Supremo do país de aprovar o plano do governo de exumar e transferir os restos do ditador Francisco Franco para um cemitério próximo a Madri, contra os desejos da família.
"Poderia dizer outra coisa, mas estou feliz. Acjo que é uma vitória que foram enganadas pelas próprias instituições durante décadas", disse o antigo magistrado, em entrevista à Agência Efe concedida em São Paulo.
Garzón avaliou que a decisão tem "justiça poética", ao dizer que ele mesmo, em 2008, quando ainda era juiz, se declarou competente para investigar os crimes do franquismo do regime de Franco como crimes contra a humanidade.
"Paguei um alto preço por isso, mas merecia punição. É o que a Justiça tinha que fazer", afirmou.
De acordo com Garzón, que está inabilitado pelo Tribunal Supremo desde 2012, por 11 anos - por ter ordenado a realização de escutas a advogados e detidos durante o processo de um dos maiores casos de corrupção na Espanha -, será grande a expectativa pela realização da exumação.
"O importante é que aconteça o mais rápido possível e que viremos a página, algo que já deveria ter acontecido há muito tempo", avaliou.
O antigo titular da Audiência Nacional opinou que o monumento do Vale dos Caídos, onde ainda estão os restos mortais de Franco poderia ter uma nova destinação.
"Talvez, poderia ser transformado em um lugar de memória, para qualquer pessoa que puder ir, não para ver símbolos franquistas ou o túmulo do ditador, mas homenagear as vítimas da ditadura", avaliou.
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