Discurso de congressistas espanhóis acaba em briga no Parlamento da Venezuela
Caracas, 26 nov (EFE).- O discurso surpresa do senador Javier Maroto e do deputado Jose Ignacio Echániz, ambos do Partido Popular (PP) da Espanha, na Assembleia Nacional da Venezuela desencadeou nesta terça-feira uma briga entre deputados opositores e pró-governo que terminou com insultos entre os congressistas.
Maroto, porta-voz do PP no Senado espanhol, tomou a palavra a convite da deputada opositora Delsa Solórzano, do partido Encontro Cidadão, e começou a receber insultos da bancada chavista do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Troca de insultos
Os insultos foram respondidos pelos opositores com aplausos e gritos de "liberdade" que ecoaram pela câmara. Na sequência, a réplica dos apoiadores do governo veio com gritos de "Viva a Catalunha livre" e "fascistas".
Assim que subiu na tribuna dos oradores, Maroto usou as primeiras palavras para "expressar o enorme orgulho" que sentia por "poder participar", para dizer aos opositores, que são maioria na Assembleia Nacional, "vocês não estão sozinhos".
"Cada um dos gritos que ouvimos hoje em parte desta assembleia só nos dá mais força para continuarmos em um projeto para alcançar a liberdade, a dignidade e a democracia na Venezuela", disse o senador espanhol.
Foi quando os gritos trovejaram, muitos deles inaudíveis e uma reiterada "longa vida à Catalunha livre", que Maroto interrompeu temporariamente a fala.
"Cada grito pronunciado por eles é a dignidade de um povo que não precisa ser representado por eles", disse Maroto com uma frase que foi respondida com a palavra "liberdade", expressada em uníssono pelos deputados da oposição.
Aumenta a tensão
Começou uma briga entre a oposição e os deputados oficiais, que derivou insultos, e até mesmo um dos parlamentares tirou o casaco para brigar com os detratores, mas foi impedido por outros congressistas.
"Queremos transmitir a mensagem de que a voz do povo venezuelano, representado pelo presidente Guaidó, continuará a ser ouvida na União Europeia (UE) e em todos os fóruns nos quais a Espanha tem voz, porque vamos conseguir. A causa da Venezuela é a causa da dignidade, e para o povo espanhol também é", disse Maroto.
Após o senador espanhol, quem tomou a palavra foi Echániz, que comentou que um tumulto como o ocorrido pouco antes "nunca é visto em um parlamento democrático".
"A Espanha também viveu uma ditadura, a qual soube superar para criar um país limpo, transparente e com futuro", acrescentou Echániz entre os gritos dos deputados do PSUV.
Ao término dos discursos, Guaidó agradeceu aos políticos espanhóis pela participação e por conhecerem "o dia a dia enfrentado pelo cidadão venezuelano", o que inclui "o amedrontamento de um povo".
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