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Caso Ari: o episódio de racismo que está na origem das cotas no Brasil

Arivaldo Lima, o primeiro estudante negro a ingressar no doutorado de Antropologia da UnB - Reprodução: documentário "Raça Humana"
Arivaldo Lima, o primeiro estudante negro a ingressar no doutorado de Antropologia da UnB Imagem: Reprodução: documentário "Raça Humana"

Do Núcleo de Diversidade

12/07/2022 09h00

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Arivaldo de Lima Alves foi o primeiro aluno negro no doutorado de Antropologia da UnB (Universidade de Brasília). Ao final de 1998, fez história outra vez: foi o único a reprovado em uma matéria obrigatória nos 20 anos do programa. Isso poderia inviabilizar o sonho de virar doutor.

Sem motivos que justificassem a nota baixa, Ari enfrentou dois anos desgastantes até conseguir revisar a reprovação. A falta de critério fez o episódio ser entendido como um caso de racismo e homofobia (o aluno também era homossexual) e motivou a elaboração do projeto de cotas étnico raciais na UnB.

Em 2003, a universidade se tornou a primeira instituição de ensino superior federal a implementar cotas para negros e indígenas. Na época, Ari fazia parte de um grupo representado por apenas 4,3% do total de alunos. No ano seguinte, os cotistas começaram a chegar. Quase duas décadas após a implementação da lei, a UnB colhe os frutos da política: estudantes negros e indígenas representavam 48% do total de alunos em 2019. Não foi fácil. A reportagem do UOL conta como a universidade foi alvo de inúmeras manifestações contrárias, todas que passavam pelo entendimento de que não há racismo no Brasil.

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O MAPA DA NOVA POBREZA... No momento em que quase um terço da população do país vive com renda por mês de até R$ 497 para cada pessoa da família, segundo um levantamento da FGV, o colunista do UOL Carlos Madeiro mostrou que mulheres alimentam a família com pele de frango doada por ONGs em Maceió. São elas, além de crianças e pessoas negras, as mais afetadas pela fome, mostra o documento da fundação.

COMBATE À FOME.... Quilombolas do Vale do Ribeira, no sul de São Paulo, estão ecoando sua rica produção de frutas, legumes e verduras para as comunidades vulneráveis do estado. Além de colocar comida na mesa de quem tem fome, a conexão mostra a potência do encontro entre os territórios, do quilombo para a periferia.

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RACISMO NO FUTEBOL... A partida entre dois times argentinos foi marcada por disparos com arma de fogo, racismo e vestiário quebrado no último sábado (9). O Boca Juniors perdeu para o San Lorenzo em partida conflituosa. Além de trocar tiros com a política, os torcedores do time vencedor chamaram os jogadores do Boca de "negros bolivianos". Com forte presença de imigrantes, a equipe do Boca é alvo de racismo no futebol portenho. Para mergulhar no tema do racismo no esporte, o quarto episódio de Preto no Branco conversa com o ex-jogador Aranha.

DE JOGADOR A DEPUTADO... Ídolo do Sport, do Santa Cruz e do Náutico, Carlinhos Bala conta ao UOL que vai concorrer a deputado estadual de Pernambuco. Admite ser pouco interessado em política, mas diz querer ajudar os pobres.

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ESCRAVOCRATA... O podcast "A Mulher da Casa Abandonada", do jornal Folha de S. Paulo, tem levado fãs para as ruas de Higienópolis para vasculhar a casa de Margarida Bonetti, brasileira que manteve uma empregada doméstica em condições análogas à escravidão, por 20 anos. O caso mostra os resquícios da escravidão na sociedade.

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DANDO A LETRA

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O escritor Jeferson Tenório, vencedor do Jabuti de melhor romance em 2021
Imagem: Carlos Macedo/Divulgação

É interessante pensar que, mesmo que essas figuras bolsonaristas se esforcem para destruir a cultura, o conhecimento e os saberes científicos, existe o fetiche ou a necessidade de validação das instituições atacadas por eles mesmos. Parece que, para uma revolta dos ignorantes, é preciso ter o reconhecimento dessas instituições. Uma espécie de distinção social"
Jeferson Tenório, escritor e colunista do UOL

Em Notícias, Jeferson Tenório critica a nomeação do deputado federal Daniel Silveira para medalha da Biblioteca Nacional. O prêmio é tradicionalmente destinado a pessoas que contribuíram para a literatura. O colunista avalia que o deputado de extrema-direita não deveria receber a medalha por conduzir projeto político contra a cultura.

Também em Notícias, Chico Alves traz depoimento da viúva do petista que foi assassinado durante sua própria festa de aniversário por um bolsonarista armado. Para o colunista do UOL, Pâmela Suellen Silva conta que estava com medo da polarização política.

Em Viva Bem, Alexandre da Silva avalia se a tecnologia afasta as pessoas idosas das suas músicas preferidas.

Em Universa, Ana Paula Xongani faz um tour pela moda do Rio de Janeiro mostrando marcas feitas por pessoas negras.

Em Splash, Aline Ramos critica a forma como o debate racial está sendo apresentado na novela Pantanal entre a família dos personagens Tenório e Zuleica.

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PEGA A VISÃO

tradição - Brenda Alcântara/UOL - Brenda Alcântara/UOL
A tradição com o baião de dois que se passou de gerações. Na foto: Rivandro França, com seu pai (Ricardo Luiz)
Imagem: Brenda Alcântara/UOL

Além de homenagear meu pai e meu avô, o chapéu representa o Nordeste e o orgulho que tenho das minhas origens"
Rivaldo França, chef de cozinha

Na família do chef pernambucano Rivaldo França, a tradição do baião de dois passou por gerações. Na contramão do costume de restringir a cozinha às mulheres, Rivaldo aprendeu com o pai a receita do prato típico acompanhado com guisadinho de carne: uma receita cheia de memória afetiva da infância.

No restaurante Cozinhando Escondidinho, em Recife, Rivaldo também serve galinha cabidela, mocofava, sururu e outras receitas que exaltam a essência nordestina.

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SELO PLURAL

CONVERSA - Arte UOL - Arte UOL
Conversa de Portão 2022
Imagem: Arte UOL

No episódio #64 de Conversa de Portão, Mayara Penina e Jéssica Moreira falam o que fazem os assessores políticos. Para explicar sobre o dia a dia da função, conversam com a jornalista Juliana Gonçalves, coordenadora de articulação política da deputada estadual Erica Malunguinho.