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5 frases para conhecer o pensamento de Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez em foto de 1988 -
Lélia Gonzalez em foto de 1988

Do Núcleo de Diversidade do UOL

31/01/2023 11h09

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Eu acho que aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês, comigo"
Angela Davis

A recomendação foi feita pela ativista norte-americana negra, uma das maiores da história, durante visita ao Brasil em 2019. Davis se refere à filósofa que virou ícone para os movimentos negros brasileiros. O nascimento dela completará 88 anos nesta terça-feira (1º).

Mineira, Lélia mergulhou nas discussões raciais nos anos 1970. Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, em 1978, e do IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras). Ativista, professora, filósofa e antropóloga, ela foi pioneira ao tratar de ideias decoloniais, que questionam o pensamento intelectual eurocentrado, e a valorizar povos africanos e latino-americanos.

Morta aos 59 anos, ela também foi primordial na difusão da "interseccionalidade", ideia de que a sociedade e seus integrantes são atravessados por diversas opressões, que interagem entre si e se retroalimentam. Neste sentido, mulheres negras são alvo tanto do racismo, quanto do machismo.

Leia abaixo cinco frases para entender o pensamento de Lélia Gonzalez:

1) Abrir de olhos

A conscientização da opressão ocorre, antes de qualquer coisa, pelo racial"
(no livro "Por um feminismo Afro-latino-americano", Zahar)

2) Cadê a interseccionalidade?

Como se explica esse 'esquecimento' por parte do feminismo? A resposta, na nossa opinião, está no que alguns cientistas sociais caracterizam como racismo por omissão e cujas raízes, dizemos nós, se encontram em uma visão de mundo eurocêntrica e neocolonialista da realidade"
(no livro "Por um feminismo Afro-latino-americano", Zahar)

3) O que coloca a gente na luta

Essa identidade negra não é uma coisa pronta, acabada. Então, para mim, uma pessoa negra que tem consciência de sua negritude está na luta contra o racismo."
(em depoimento de 1988)

4) Os traços que carregamos

"A mulher negra é o grande foco das desigualdades sociais e sexuais existentes na sociedade brasileira. É nela que se concentram esses dois tipos de desigualdade, sem contar com a desigualdade de classes. O que percebemos é que, na nossa sociedade, as classificações sociais, raciais e sexuais fazem da mulher negra um objeto dos mais sérios estereótipos"
(em depoimento a "Cultne DOC - Lélia Gonzales - Pt. 1")

5) Quem trabalha por aqui

O que existe no Brasil, efetivamente, é uma divisão racial do trabalho. Por conseguinte, não é por coincidência que a maioria quase absoluta da população negra brasileira faz parte da massa marginal crescente."
(em depoimento na Segunda Conferência Anual do African Heritage Studes Association, de 1979)

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INSPIRADORA... Vitória Rodrigues, de 18 anos, rompeu fronteiras. De São João de Meriti, no Rio de Janeiro, ela testemunhou um tiroteio dentro da própria escola. Traumatizada, decidiu escrever um e-mail pedindo ajuda à Unicef, que enviou orientações. Foi nesse momento que ela descobriu poder mudar a realidade de onde vive. Ecoa conta mais sobre a história da jovem que quer ser a mais conhecida da Baixada Fluminense.

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CASO ISOLADO?... Quase três anos após o caso de George Floyd, outro homem negro foi brutalmente assassinado pela polícia nos Estados Unidos. O espancamento causou comoção nacional e protestos na cidade de Memphis. Tyre Nichols, de 29 anos, foi agredido até a morte por cinco policiais, todos negros, quando seu carro foi parado a apenas 70 metros de sua casa. Os agressores mentiram sobre ter havido um confronto com o rapaz.

FEMINICÍDIO... Ruth Guimarães (1920-2014), Solano Trindade (1908-1974), Carlos de Assumpção, de 95 anos, Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Conceição Evaristo, de 76 anos, eram os autores negros indicados pela estudante de jornalismo Janaina da Silva Bezerra em um trabalho de faculdade. A estudante foi morta em Teresina (PI), após ser estuprada e ter o pescoço quebrado. Notícias conta que ela foi a primeira pessoa da família a entrar na universidade.

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AH, O CALOR... No último sábado (28) foi a vez da influenciadora Juliana Luizê se jogar no UOL no Verão, evento pé na areia com diversas atividades físicas, que ocorre até 12 de fevereiro, em São Paulo. Ela jogou vôlei e contou à reportagem de VivaBem o que tem feito para perder peso com saúde. Algumas dicas: beber muita água e reduzir o consumo de sal.

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DANDO A LETRA

chico - UOL - UOL
Imagem: UOL

[Antonio] Denarium [governador de Roraima] produz fake news ao dizer que os indígenas passam fome porque não exploram os minerais de suas terras. Na verdade, foi justamente a ação dos garimpeiros ilegais que contaminou os rios, peixes e lavouras daquela comunidade. Para piorar, compara essa atividade aos cassinos americanos."
Chico Alves, colunista do UOL

Em Notícias, Chico Alves escreve que, ao minimizar a gravidade do ocorrido com os yanomamis, o governador naturaliza a tragédia para aliviar sua responsabilidade.

Em Notícias, Jeferson Tenório compara o ato racista de torcedores do Atlético de Madrid contra o jogador Vini Júnior às ações de supremacistas brancos, como os da Ku Klux Klan.

Também em Notícias, André Santana escreve uma carta ao ator Luis Navarro, que se separou da esposa enquanto ela passava pelo puerpério do segundo filho. No texto, ele descreve sua experiência pessoal como um filho abandonado pelo pai.

Quando o assunto é priorização da circulação a pé, a legislação brasileira avançou muito na última década. Porém, os espaços de pedestres permanecem inadequados, sobretudo para quem possui mobilidade reduzida ou deficiência. Os poucos espaços que privilegiam a circulação de pedestres são constantemente ameaçados."
Kelly Fernandes, colunista do UOL

Em Carros, Kelly Fernandes fala sobre a mobilidade urbana que inclui o pedestre, algo não observado pela mais nova ação da cidade de São Paulo, que transformará o calçadão na região central em estacionamento.

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PEGA A VISÃO

tiganá - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Tambores são linguagens, cifras e espaços estéticos de temporalidades"
Tiganá Santana

Para o cantor, compositor, pesquisador e poeta brasileiro, o tambor é um elo ancestral. Após lançar seu último disco "Iroko", com canções escritas integralmente em línguas africanas, ele conversa com Ecoa sobre ancestralidade, musicalidade negra baiana e racismo.