O ex-ajudante de áudios, digo, de ordens, acaba preso de novo

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O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, voltou para a prisão. Ele tinha sido preso em maio do ano passado por suspeitas de fraude nos dados de vacinação de Bolsonaro e dele próprio, numa operação em que também houve apreensão de dinheiro vivo em sua casa e em que foram descobertas movimentações bancárias nos Estados Unidos.

Com a apreensão do celular de Cid pela PF, outras descobertas vieram à tona: ele tinha trocado mensagens com o blogueiro foragido Allan dos Santos discutindo a necessidade de um golpe militar. Documentos e outras conversas conectados a um plano para dar um golpe de estado também foram descobertos.

Em setembro do ano passado, foi fechado um acordo de delação premiada e Cid recebeu liberdade provisória.

Na quinta-feira desta semana (21), surgiram áudios em que Mauro Cid, após prestar um total de seis depoimentos à PF desde que fechou o acordo de delação em que se comprometeu a dizer a verdade,

Pouco mais de seis meses depois do acordo de delação, esses novos áudios, vazados depois de um de seus depoimentos na semana passada, mostraram uma conversa em que ele afirma ter sido pressionado a relatar fatos que não aconteceram e a detalhar eventos sobre os quais não tinha conhecimento.

Logo após o vazamento dos áudios, na noite de quinta, os advogados de Cid divulgaram uma nota em que dizem que os áudios não passavam "de um desabafo".

A primeira consequência do vazamento dos áudios foi uma convocação para um novo depoimento, que aconteceu no início da tarde desta sexta, no STF (colhido pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes). O depoimento durou uma hora e Cid saiu de lá preso. A prisão foi determinada por descumprimento de cautelares impostas contra Cid e por obstrução de Justiça.

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Depois de resumir os fatos, vamos às análises.

Para Josias de Souza, o episódio do vazamento de áudios tóxicos de Mauro Cid contra a Polícia Federal e Alexandre de Moraes "coroa a má fase de Bolsonaro na seara criminal". "Aquilo que poderia ter sido a realização do sonho dos investigados de instalar um tumulto nos inquéritos sobre golpe, joias e cartões falsos de vacina virou a realização dos piores pesadelos do delator e do seu ex-chefe. Mauro Cid voltou para a prisão. Virou pó a pretensão da defesa de Bolsonaro de converter crimes já mapeados numa grande grande polêmica sobre tecnicalidades processuais. Delator e delatado tornaram a frequentar a conjuntura juntinhos. Após uma fase de distanciamento cenográfico, ambos naufragam abraçados." Leia a coluna de Josias de Souza. Antes mesmo de Cid voltar a ser preso, Josias havia publicado em sua coluna que o tenente-coronel acabara de entrar para a história das delações premiadas como um caso único de delator que desqualifica a própria colaboração antes do recebimento do prêmio judicial.

No UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto disse que "tão ou mais importante que a delação do Mauro Cid foi a delação do celular do Mauro Cid". "Se a delação cair, as provas produzidas devem permanecer válidas. O único prejudicado de tudo isso deve ser o próprio." Veja a análise de Sakamoto.

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Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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