Presidente filipino é pressionado a acelerar ajuda; porta-aviões dos EUA chega ao país
O presidente filipino, Benigno Aquino, está sob crescente pressão na quinta-feira para acelerar a distribuição de alimentos, água e remédios para os desesperados sobreviventes do supertufão Haiyan, no mesmo dia em que um "grupo de ataque" comandado por um porta-aviões dos EUA chegou ao país para auxiliar no transporte de suprimentos.
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Enquanto os esforços humanitários internacionais se aceleram, muitos proprietários de postos de gasolina que foram poupados pela tempestade se recusaram a abrir, o que resulta em pouco combustível para os caminhões que precisam levar mantimentos e equipes médicas pelas áreas devastadas na sexta-feira pelo tufão.
"Ainda há corpos na estrada", disse Alfred Romualdez, prefeito de Tacloban, cidade de 220 mil habitantes reduzida a escombros. "É assustador. Há uma solicitação da comunidade para irmos retirar os corpos. Dizem que são cinco a dez. Quando chegamos lá, são 40."
A escassez de caminhões obriga as autoridades a fazerem escolhas macabras. "A opção é usar o mesmo caminhão para distribuir comida ou para recolher corpos", disse o prefeito.
Na quinta-feira, cerca de 300 corpos começaram a ser sepultados em uma vala comum fora da cidade. Uma vala maior, com capacidade para mil cadáveres, será escavada, segundo o administrador municipal Tecson John Lim.
A prefeitura permanece paralisada, com apenas 70 funcionários, contra 2.500 normalmente, disse Lim. Muitos servidores morreram, ficaram feridos, perderam suas famílias ou estão simplesmente traumatizados demais.
O governo está distribuindo 50 mil cestas básicas por dia, cada uma contendo 6 quilos de arroz e produtos enlatados, mas isso cobre apenas 3 por cento das 1,73 milhão de famílias afetadas pelo tufão.
O porta-aviões norte-americano USS George Washington e quatro navios acompanhantes chegaram à costa da província de Samar, no leste, levando 5.000 tripulantes e mais de 80 aeronaves, incluindo 21 helicópteros.
O Japão também planeja enviar até mil soldados, além de embarcações e aeronaves militares, no que pode ser a maior mobilização militares do país desde a Segunda Guerra Mundial.
Desde a chegada do tufão, Aquino -herdeiro da mais célebre dinastia política filipina- está na defensiva pela forma como lidou com os preparativos e com a reação à supertempestade.
Ele diz que o número de mortos poderia ter sido maior se as autoridades não tivessem desocupado áreas de risco e preparados suprimentos de emergência, mas sobreviventes nas áreas mais afetadas dizem que não foram avisados para a violenta ressaca marítima -comparável a um tsunami - que acompanhou o tufão.
As Filipinas solicitaram oficialmente ajuda aos EUA no sábado, um dia depois da passagem do tufão pela região central do arquipélago, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Aquino também motivou um debate sobre o número de vítimas citando uma cifra muito inferior à de 10 mil mortos estimada pelas autoridades locais. Na quinta-feira, haviam sido confirmadas oficialmente 2.357 mortes, número que segundo os agentes humanitários deve crescer.
(Reportagem adicional Rosemarie Francisco e Eric dela Cruz em Manila, Phil Stewart em Washington e Greg Torode em Hong Kong)
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