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Brasil pode ajudar EUA em produção de máscaras para coronavírus, diz Mandetta

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva sobre ações do governo no combate ao novo coronavírus no Brasil - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva sobre ações do governo no combate ao novo coronavírus no Brasil Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Ricardo Brito

em Brasília

02/04/2020 19h28

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou hoje ter se reunido com o novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, para discutir parcerias entre os dois países no combate ao avanço do novo coronavírus, e citou a produção de máscaras por empresas brasileiras para atender aos mercados de ambos os países.

Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Mandetta disse que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos estão com o mesmo grau de dificuldade para adquirir equipamentos de proteção individual, mas o ministro avaliou que os EUA começaram "mais tarde" a adotar medidas de contenção social em relação à covid-19 e, por isso, estão com muitos mais casos confirmados.

O ministro da Saúde afirmou que o Brasil poderia colaborar com os norte-americanos em especial na produção de máscaras, que seriam disponibilizadas para ambos os países.

"Eles estão realmente com muita dificuldade em Nova York, na Califórnia e em outros Estados, então o Brasil pode colaborar com eles com alguma coisas", disse Mandetta.

"A gente deve trabalhar alguma coisa conjunta para organizar uma ampliação para que, trazendo matéria-prima, as nossas fábricas possam produzir, como é o caso dá mascara N-95, que eles têm muita carência lá e nós temos carência aqui", acrescentou.

Mandetta participou do encontro com o embaixador norte-americano e o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, um dia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter falado por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre colaborações no combate ao coronavírus.

O fornecimento de equipamentos de proteção individual se tornou uma questão central no combate ao coronavírus em vários países devido à escassez no mercado provocada pela paralisação das exportações pela China quando o surto começou no país.

Segundo Mandetta, uma compra enorme realizada pelos Estados Unidos no país asiático derrubou encomendas feitas pelo Brasil. O ministro garantiu que o atual estoque brasileiro está dentro dos padrões normais, mas sua pasta tem demonstrado nos últimos dias preocupação com uma eventual diminuição dos equipamentos e demais insumos no caso de uma elevação aguda do contágio do vírus no país.

Segundo o ministro, na quarta-feira foi assinada a promessa de entrega de 8 mil respiradores ao Brasil, com entrega prevista em 30 dias. O Brasil também aguarda 200 milhões de itens de proteção. Mandetta observou que agora o mercado chinês voltou a produzir, mas precisa repor o estoque que deixou de ser abastecido por 45 dias.

Diante do cenário da dificuldade em se obter os equipamentos, Mandetta mais uma vez fez a defesa da necessidade de as pessoas continuarem a adotar medidas de isolamento social, voltando a contrariar a posição do presidente Jair Bolsonaro. O ministro justificou que ela impedirá um maior contágio de pessoas e, consequentemente, aumento do uso de insumos por profissionais de saúde em casos de internações.

Para o ministro, toda decisão sobre manter ou reduzir ações de isolamento social será tomada com base em planejamento técnico. "Faremos todo o possível dentro do planejamento técnico para encontrar um equilíbrio entre a economia e a saúde das pessoas", considerou.

Na coletiva, Mandetta disse ainda que o governo começou a realizar um cadastro com profissionais de saúde que tenham disponibilidade de querer enfrentar a pandemia de "peito aberto". Segundo ele, por ora, o ministério quer que médicos e demais profissionais participem voluntariamente. Mas ressalvou que eles podem ser convocados, citando que há previsão legal para isso.

"Se tiver necessidade, nós iremos convocar sim, mas por enquanto não há necessidade", disse. "A gente prefere trabalhar com aqueles que podem e se predispõem a trabalhar, não convocar", afirmou.