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Lula cobra do BC que garanta emprego, crescimento e controle da inflação

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Arquivo - Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Imagem: Arquivo - Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Maria Carolina Marcello e Isabel Versiani

16/02/2023 15h16

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula afirmou que não pretende interferir no mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas cobrou da autoridade monetária que controle a inflação e estimule o crescimento e a criação de emprego, tarefas que ele disse estarem previstas na lei que garante a autonomia da entidade.

Em entrevista à CNN Brasil, Lula argumentou que o aumento da taxa de juros não é o instrumento adequado para o atual contexto econômico, por considerar que no caso do Brasil a inflação não é gerada por pressões de demanda.

"Ele está lá, tem um mandato", disse o presidente à CNN Brasil, ao ser questionado sobre eventual tentativa de destituir Campos Neto, mas sem deixar de mencionar que, por ter sido indicado pelo governo anterior, o presidente do BC tem uma "cabeça" diferente da sua e de seus eleitores.

"A única coisa que eu quero é que ele cumpra aquilo que está na lei que aprovou a independência do Banco Central. Ele tem que cuidar da inflação, ele tem que cuidar do crescimento, tem que cuidar do emprego", acrescentou o presidente.

A legislação, aprovada em 2021, estabelece que o "objetivo fundamental" do BC é assegurar a estabilidade de preços, e que, sem prejuízo dessa meta, a autarquia também deve "suavizar as flutuações do nível da atividade" e fomentar o pleno emprego, além de zelar pela estabilidade do sistema financeiro.

Para Lula, não há porque temer um repique da inflação caso a taxa de juros seja reduzida. "Aumentar o juro é importante quando você tem uma inflação de demanda", defendeu. "Não é o caso do Brasil."

Sobre a autonomia do BC, voltou a dizer que o assunto não ocupa o centro de suas preocupações. Para o presidente, não há problema em manter a autonomia da instituição se ela se mostrar positiva.

Na entrevista de cerca de uma hora de duração, Lula não poupou críticas ao mercado e pediu maior sensibilidade dos investidores. Mas negou que haja uma "política de enfrentamento" ao mercado, creditando a geração de ruídos aos que têm interesse na especulação.

Ainda nessa linha, disse não ter interesse em brigar com Campos Neto, mas voltou a se referir a ele como "cidadão".

"Como presidente da República, não me interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central, que eu pouco conheço, eu vi ele uma vez", afirmou em entrevista à CNN Brasil, conforme trecho veiculado nesta tarde.

"Ele tem que saber que neste país a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam", acrescentou Lula, após afirmar que gostaria que Campos Neto lhe acompanhasse quando seu governo for fazer visitas aos lugares "mais miseráveis" do país.

Lula passou recentemente a tecer fortes críticas à política monetária e alçou para o centro do debate a taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano. O presidente, assim como seus ministros e até mesmo seu partido, o PT, questionam a razoabilidade do patamar em comparação a outros países.

No início deste mês, Lula disse ter considerado "uma vergonha" as justificativas do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC para a manutenção da taxa básica de juros em 13,75%, e referiu-se ao presidente da autoridade monetária como "esse cidadão".

(Por Maria Carolina Marcello)