Washington está sitiada na véspera da posse de Joe Biden
Na véspera da posse de Joe Biden, Washington se encontra sitiada e os americanos vivem um dos períodos mais tensos da história do país.
As medidas de distanciamento devido à pandemia e a forte presença militar na capital americana por precaução depois da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro, por apoiadores de Donald Trump, tornam a posse do novo presidente democrata tão incomum quanto os tempos que vivemos.
A presença de 25 mil soldados da Guarda Nacional para proteção em caso de um ataque na capital por parte de cidadãos americanos revoltados com a vitória de Biden, é perturbadora e não contribui com um ambiente comemorativo.
A atual situação em Washington é tão anormal que o FBI investiga até mesmo os soldados encarregados de proteger as cerimônias para garantir que não haverá um ataque inesperado por parte de um membro da Guarda Nacional.
Também há desconfiança entre os membros do Congresso, com alguns deles temendo inclusive violência por parte de colegas.
Com os EUA enfrentando um dos períodos mais polarizados da sua história, fica difícil de a população se animar. Mesmo assim, não só os mais de 80 milhões de americanos que votaram em Biden, como muitos membros democratas, e até mesmo republicanos do Congresso, estão respirando aliviados por estarem a poucas horas de verem o furacão Trump se dissipar.
Ele será o primeiro presidente americano em mais de 150 anos a não ir à cerimônia de posse de seu sucessor. Em 1869, Andrew Johnson boicotou a posse de Ulysses S. Grant.
Trump foi tolhido nos últimos dias do seu governo. Além de ser banido do Twitter, que era seu principal meio de comunicação, ele está isolado, com praticamente todos os antigos aliados já tentando se afastar dele. Nos últimos dias do mandato, o presidente republicano se encontra praticamente paralisado.
Indultos
Nesta terça-feira (19), será divulgada a lista de cerca de cem indultos concedidos por Trump. De acordo com a tradição, os presidentes americanos concedem inúmeros indultos nas últimas horas antes de deixarem a Casa Branca.
A lista até agora não parece incluir nenhum nome explosivo, mas inclui o rapper Lil' Wayne, que, em 2020, confessou ser culpado de porte ilegal de arma.
Nos últimos dias, a campanha pelo indulto de Julian Assange se intensificou. Se antes de deixar a Casa Branca Trump quiser fazer algo que incomode a elite política de Washington, ele pode perdoar Assange, medida que tem uma oposição quase unânime entre os políticos da capital. O indulto do fundador do Wikileaks, assim como um autoperdão, parece improvável.
Trump pode conceder indultos até o meio-dia desta quarta-feira (20), dia da posse de Biden.
Impeachment
A decisão quanto ao processo de impeachment de Trump envolve um cálculo político complicado. A líder da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, precisa levar o impeachment para ser votado no Senado, agora com maioria democrata e sob a liderança de Chuck Schumer.
Há pressão dos democratas para que o impeachment seja levado adiante, mesmo com Trump já fora da Casa Branca. Muitos querem que ele seja punido oficialmente por ter incentivado seus apoiadores a desafiar o Congresso na validação dos votos do colégio eleitoral.
Ao mesmo tempo, isso poderia tirar o foco dos primeiros cem dias do governo Biden. Esse primeiro período é importante para definir a agenda do novo governo e obter conquistas bipartidárias, enquanto todos ainda estão dispostos a cooperar.
Com uma votação de impeachment no Senado, Trump teria uma oportunidade de se apresentar no Congresso para sua defesa.
Ao mesmo tempo em que muitos querem que ele seja punido, podendo até ser proibido de se candidatar novamente à presidência, muitos outros —e até mesmo políticos republicanos— querem que Trump desapareça de uma vez por todas dos noticiários.
Além disso, mesmo com a maioria democrata, nenhum desses dois cenários - aprovação de impeachment e inelegibilidade - são garantidos.
Sabatina de nomeados por Biden
Já nesta terça (19), sete dos 15 nomeados para o gabinete de Biden vão ser sabatinados no Senado, entre eles, Janet Yellen, escolhida como secretária do Tesouro, Lloyd Austin, secretário de Defesa, Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna, e Antony Blinken, secretário de Estado.
No seu primeiro dia na Casa Branca, Biden terá de começar a resolver questões complicadas, como a distribuição de vacinas contra a covid-19 que não tem sido eficiente.
Além disso, o presidente eleito prometeu que nenhum imigrante não documentado seria deportado nos primeiros cem dias do seu governo. Uma caravana de milhares imigrantes não documentados de Honduras se encontra agora na Guatemala, mas tem os EUA como destino final.
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