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Grupos terroristas tentarão se aproveitar da instabilidade no Afeganistão, alerta Macron

22.abr.2021 - O presidente da França Emanuel Macron participa da Cúpula dos Líderes sobre o Clima. O evento virtual reúne mais de 40 líderes mundiais - Ian Langsdon/REUTERS
22.abr.2021 - O presidente da França Emanuel Macron participa da Cúpula dos Líderes sobre o Clima. O evento virtual reúne mais de 40 líderes mundiais Imagem: Ian Langsdon/REUTERS

16/08/2021 15h57Atualizada em 16/08/2021 16h41

Um dia após o Talibã retomar o poder no Afeganistão, o presidente francês Emmanuel Macron alertou que o país abriga grupos terroristas em seu território que "tentarão se aproveitar da instabilidade" e disse que o Afeganistão "não deve voltar a ser o santuário do terrorismo".

Durante um discurso transmitido pela televisão na noite desta segunda-feira (16), o francês afirmou que fará de tudo para que a "Rússia, os Estados Unidos e a Europa cooperem de maneira eficaz" na luta contra o terrorismo.

Macron, no entanto, abandonou a possibilidade de intervenção, e afirmou que o Afeganistão "tem seu destino em suas mãos".

Durante seu discurso, o presidente francês lembrou os 13 anos em que o Exército francês esteve no Afeganistão ao lado dos norte-americanos, entre 2001 e 2014, e disse que a França vai continuar a repatriar afegãos que trabalharam para o país durante esse período.

Segundo Macron, cerca de 800 afegãos já teriam chegado na França e os esforços de evacuação devem continuar, com o envio de dois aviões e forças especiais.

"É nosso dever e nossa dignidade proteger aqueles que nos ajudaram: tradutores, motoristas, cozinheiros e tantos outros. Quase 800 pessoas já estão em solo francês. Muitas dezenas de pessoas seguem ainda no Afeganistão e por elas nós continuaremos totalmente mobilizados", afirmou o Chefe de Estado, sem mencionar o número total de pessoas que serão evacuadas.

Mais cedo, a Alemanha anunciou que vai repatriar mais de 10 mil pessoas que hoje estão no Afeganistão. Entre eles, mais de 2,5 mil afegãos que ajudaram as forças da OTAN durante o período de combate ao Talibã, além de advogados e militantes de direitos humanos.

"Assistimos a tempos difíceis", afirmou a chanceler Angela Merkel. "Neste momento nós devemos nos concentrar na missão de salvamento", explicou.

Em relação à fuga em massa da população afegã, Macron afirmou que o fluxo não poderia ser controlado apenas pela Europa e disse que os países da União Europeia vão trabalhar para construir uma resposta única ao lado dos países de trânsito dos refugiados, como o Paquistão, o Irã e a Turquia.

Pânico e tentativa de fuga

Nesta segunda, milhares de afegãos invadiram o aeroporto internacional da capital. As pistas foram tomadas por uma multidão que tentava a todo custo entrar nos aviões que deixavam o Afeganistão.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram centenas de pessoas correndo perto de um avião militar norte-americano prestes a decolar, enquanto alguns afegãos tentam agarrar a lateral ou as rodas da aeronave. Grupos de jovens se agarravam às escadas para tentar embarcar em um avião.

Os soldados norte-americanos, que controlam o aeroporto, mataram dois homens que, segundo o Pentágono, estavam armados no meio da multidão. Devido à situação caótica, os voos civis e militares chegaram a ser suspensos.

Entre as pessoas que tentam partir do Afeganistão, muitos antigos colaboradores dos governos estrangeiros que ocuparam o país ao longo dos últimos 20 anos, além de ex-militares afegãos.

"Como servi no exército, perdi meu trabalho e é perigoso viver aqui porque os talibãs vão me atacar, isso é certo", declarou um jovem de 25 anos, no aeroporto.

Ao longo do dia, as ruas de Cabul eram patrulhadas por talibãs armados. Os insurgentes ocuparam especialmente a região da capital em que ficam as embaixadas e as organizações internacionais e a área do governo central.

Na região de fronteira com o Paquistão, também cenas de fuga em massa foram registradas nesta segunda-feira após a rápida vitória do Talibã sobre o exército afegão.

Avanço relâmpago

Em dez dias, os talibãs tomaram o controle do país, duas décadas depois de terem sido expulsos por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001.

A China foi o primeiro país a afirmar que deseja manter "relações amistosas" com os talibãs.

A Rússia afirmou que a decisão de reconhecer o novo governo dependerá de "suas ações" e informou que seu embaixador se reunirá na terça-feira (17) com os insurgentes.

(Com informações da AFP e da Reuters)