Missionários americanos são sequestrados no Haiti por grupo armado
Ao menos 17 missionários americanos e suas famílias foram raptados ontem no Haiti, por membros de uma gangue na capital Porto Príncipe, segundo informações da imprensa dos Estados Unidos, deste domingo (17). A violência cresce no país dizimado por um terremoto e pela instabilidade política.
Os missionários foram sequestrados quando estavam em um ônibus, a caminho do aeroporto, após uma visita a um orfanato, situado a 30 km da capital. Era a primeira viagem do grupo, vindo de Ohio, ao Haiti.
Usando barricadas, a gangue chamada "400 mawozo" desviou vários veículos de estradas controladas por ela, raptando os missionários e também cidadãos haitianos.
Jennifer Viau, porta-voz do departamento de Estado americano, declarou que o órgão investigaria o caso. "O bem-estar e segurança dos cidadãos americanos no exterior é uma das maiores prioridades do departamento de Estado", declarou a porta-voz em um comunicado.
A embaixada dos Estados Unidos no Haiti não comentou o caso.
Uma porta-voz da polícia haitiana declarou que procuravam ter informações sobre o ocorrido.
Segundo a rede de tevê CNN, citando uma fonte das forças de segurança do Haiti, 14 adultos e três menores estão entre as pessoas sequestradas.
Instabilidade política e terremoto
A violência aumentou no Haiti após o assassinato do presidente Jovenel Moise, em julho, e o terremoto de agosto, que matou 2.000 pessoas. A ação de grupos armados faz milhares de pessoas abandonarem suas cidades, comprometendo ainda mais a atividade econômica no país mais pobre do continente americano.
Em abril, 10 pessoas, entre elas dois religiosos franceses, foram sequestradas pelo mesmo grupo. Liberado após 20 dias, o padre Michel Briand explicou à AFP que acreditava que os membros da gangue não tinham previsto o rapto dos franceses e que as vítimas estavam "no lugar errado, na hora errada",
As quadrilhas que controlam há anos os bairros mais pobres de Porto Príncipe, aumentaram no último ano seu poder na capital e arredores, onde os sequestros se multiplicam.
Mais de 600 casos foram contabilizados nos três primeiros trimestres de 2021, contra 231 no mesmo período de 2020, segundo o Centro de análise e pesquisas em direitos humanos baseado na capital haitiana.
As gangues chegam a exigir milhões de dólares de resgate. A grande maioria das mulheres sequestradas são sexualmente abusadas e vítimas de estupros coletivos, segundo organizações dos direitos humanos que denunciam a inação da polícia do Haiti.
Antes mesmo do sequestro deste sábado, associações profissionais e patronais de Porto Príncipe tinham convocado uma greve ilimitada, a partir de segunda-feira (18), para protestar contra o clima de insegurança crescente.
(Com informações da RFI e AFP)
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