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Irã executa primeiro manifestante de protestos que tomaram conta do país

Mulher sem véu durante protesto na cidade natal de Mahsa Amini, no Irã - 26.out.2022 - Handout/AFP
Mulher sem véu durante protesto na cidade natal de Mahsa Amini, no Irã Imagem: 26.out.2022 - Handout/AFP

08/12/2022 08h06Atualizada em 08/12/2022 16h04

O Irã executou, nesta quinta-feira (8), um homem acusado de ferir um paramilitar e de ter bloqueado o tráfego em uma avenida de Teerã, em 25 de setembro, durante as manifestações que ocorrem há cerca de três meses no país. O movimento de contestação foi desencadeado após a morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, detida pela polícia por desrespeitar a lei que impõe o uso do véu muçulmano.

De acordo com o Mizan online, a agência oficial do Judiciário no Irã, Mohsen Shekari bloqueou a avenida Sattar Khan e feriu, com uma machadinha, um membro da paramilícia Bassidj, que atua reprimindo as manifestações para o governo.

No total, 11 pessoas podem ser condenadas à pena de morte por participar das manifestações. O veredito preliminar foi anunciado no dia 1° de novembro pelo tribunal revolucionário de Teerã. O recurso foi rejeitado pela Corte Suprema, no dia 20 de novembro.

Segundo a Justiça iraniana, Mohsen Shekari foi reconhecido culpado por ter usado uma arma "com a intenção de matar, provocar o terror e gerar desordem, colocando em risco a segurança da sociedade." O integrante da milícia Bassidj que ficou ferido levou 13 pontos, de acordo com a agência de Justiça iraniana. O acusado, Sheikari tentou fugir, mas foi detido pelas autoridades do país. Em seu interrogatório, ele reconheceu a agressão.

Nesta terça-feira, a justiça iraniana condenou cinco pessoas pela morte de um paramilitar nas manifestações. Milhares de pessoas já foram indiciadas por participar das manifestações e mais de 2.000 foram consideradas culpadas, a metade em Teerã.

Balanço de mortes

Os protestos dos últimos três meses têm sido reprimidos violentamente. Pelo menos 448 pessoas foram mortas nos protestos, segundo um balanço da Iran Human Rights (IHR), uma ONG com sede em Oslo.

O aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima da República Islâmica, de 83 anos, acusa os Estados Unidos e seus aliados, como Israel, de formentar "distúrbios" no país.

A irmã do guia supremo, Badri Hoseini Khamenei, chamou o regime de "despótico" e ofereceu seu apoio ao movimento de protesto: "Me oponho às ações de meus irmão Ali Khamenei", escreveu ela em uma carta publicada online, nesta quarta-feira (7), por seu filho Mahmud Moradkhani, que mora na França.

"Expresso minha simpatia às mães que choram pelos crimes cometidos pelo regime da República Islâmica" desde a época de seu fundador - o aiatolá Ruhollah Khomeini - "até o atual período do despótico califado Ali Khamenei", acrescentou a mulher, que parece morar no Irã.

"Minha preocupação sempre foi e sempre será o povo iraniano, em particular as mulheres", disse Hoseini em sua carta, na qual acusou o regime de "trazer nada além de sofrimento e opressão (...) aos iranianos".

Alegando problemas de saúde que a impedem de se juntar aos protestos, disse que seu irmão "não ouve a voz do povo". Também pediu que os Guardiões da Revolução "se unam ao povo antes que seja tarde demais".

(Com informações da AFP)