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Câmara e Centrão decidem enforcar a democracia se aprovarem voto impresso, diz Sakamoto

06/08/2021 18h14

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou hoje durante um pronunciamento que levará para votação no plenário a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 135/19, que torna obrigatório o voto impresso.

O projeto foi rejeitado ontem em uma comissão especial. Em participação no UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto avalia que, diferente do que defende o presidente da Câmara, a decisão de levar o tema a plenário "não vai pacificar o tema".

"Se os partidos políticos que votaram contra continuarem com essa posição, dificilmente a PEC será aprovada. Caso haja, por trás disso, uma costura do próprio Arthur Lira ou do Centrão discutir, será uma surpresa no sentido de que a Câmara e o Centrão, através da sociedade estabelecida com Bolsonaro, decidiu enforcar de vez a democracia", disse.

"Independentemente do resultado, Bolsonaro vai continuar atacando o sistema eleitoral brasileiro. Ele quer a aprovação da impressão do voto não para aumentar a segurança na votação ou para aumentar a garantia do voto do eleitorado seja traduzido nos resultados das urnas. Ele quer colocar um elemento para gerar polemica e discussão", completou.

Sakamoto também avaliou os ataques do presidente a integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e ao ministro Luís Roberto Barroso como um discurso "violento, criminoso e irresponsável".

Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o presidente aparece cumprimentando algumas pessoas em Joinville e chama Barroso de "filho da puta". No trecho, o presidente dá a entender que o ministro teria mandado gente para o local para atacá-lo.

"Que o presidente da república não tem condições técnicas, psicológicas e mentais para ocupar o cargo que ocupa não é novidade, agora esses ataques deixam seguidores de sair Bolsonaro ouriçados. Esse tipo de palavra acaba mantendo seguidores de Bolsonaro e deixando eles prontos para defender Bolsonaro a qualquer momento", declarou.

"É um discurso violento criminoso e irresponsável. É uma estratégia, onde ele paga de louco em um lado e em outro age de forma criminosa", finalizou.