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Maia intensifica "diplomacia parlamentar" e visita desafetos de Bolsonaro

05.dez.2019 - Rodrigo Maia com Alberto Fernandez, presidente eleito da Argentina - Divulgação
05.dez.2019 - Rodrigo Maia com Alberto Fernandez, presidente eleito da Argentina Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

11/12/2019 11h10

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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, viaja para Genebra nesta quarta-feira. Em sua agenda, ele irá visitar nos próximos dois dias os organismos internacionais e a ONU, entidade frequentemente criticada por Jair Bolsonaro, seus filhos, seu chanceler Ernesto Araújo e seus assessores internacionais. Na agenda, direitos humanos, saúde, mudanças climáticas, trabalho e comércio.

Um dos encontros de Maia será com a alta comissária da ONU para Direitos Humano, Michelle Bachelet. A ex-presidente chilena gerou um dos momentos mais constrangedores para Bolsonaro no cenário internacional. Numa coletiva de imprensa, ela repetiu críticas já realizadas por quase uma dezena de dirigentes internacionais nos últimos anos, questionando a ação policial no Brasil.

Ela também alertou que, sob a gestão de Bolsonaro, o "espaço democrático" estava "encolhendo".

Imediatamente, Bolsonaro a atacou e elogiou Augusto Pinochet, o ex-ditador chileno. O militar foi o responsável por um regime que matou o pai de Bachelet, a deteve e a torturou. Os comentários do brasileiros foram condenados por delegações de esquerda e direita, de todo o mundo.

O encontro de Maia com Bachelet ainda ocorre num momento em que o governo Bolsonaro é alvo de um número inédito de denúncias internacionais na ONU por conta das violações de direitos humanos. Neste ano, já são pelo menos 37 casos apresentados à entidade internacional.

Outro ponto da agenda de Maia é um encontro com Guy Ryder, diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho. A agência já fez críticas ao longo do ano às políticas adotadas pelo governo e chegou a colocar o Brasil na lista de países suspeitos de violar convenções trabalhistas.

Na agenda do deputado está também uma visita à Organização Mundial da Saúde. O governo de Bolsonaro se aliou à administração de Donald Trump para questionar uma parcela da agenda da instituição, principalmente em assuntos relacionados à saúde sexual e reprodutiva.

Um dos pontos centrais ainda da visita será uma reunião com Roberto Azevedo, o diretor-geral da OMC. O encontro ocorre dias depois de a entidade viver uma de suas crises mais profundas, com o veto americano ao funcionamento dos tribunais. Mas diversas delegações, a situação coloca o multilateralismo em uma encruzilhada.

O Brasil tem demonstrado pleno apoio à entidade do comércio. Mas, em um ano, o chanceler Ernesto Araújo não realizou ainda uma visita à entidade liderada por um outro colega seu de Itamaraty.

Não se trata da primeira viagem internacional de Maia, ocupando o espaço deixado pelo governo brasileiro ou pela diplomacia nacional. Há poucos dias, ele foi até a Argentina para um encontro com o novo presidente, Alberto Fernández.

Bolsonaro passou meses atacando Fernández e hesitou sobre a participação do Brasil na posse do presidente do país vizinho.