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Opinião

Datafolha revela a vantagem e o problema para Ricardo Nunes se reeleger

Praticamente só um a cada quatro eleitores paulistanos tem um candidato viável a prefeito na ponta da língua, segundo o Datafolha. É o esperado. A esta altura da corrida eleitoral, a grande maioria dos eleitores não parou para pensar em quem vai votar em outubro. Não parou porque não precisa, de fato.

Os 27% que citam espontaneamente Guilherme Boulos (14%), Ricardo Nunes (8%), "atual prefeito" (2%), "candidato do Lula" (1%), Kim Kataguiri (1%) ou Tabata Amaral (1%) são eleitores mais politizados, que votam sempre no candidato do seu partido, do seu ídolo político ou contra o "candidato do PT".

Mas os eleitores que vão decidir quem irá para o segundo estão entre os outros 73% que não sabem dizer espontaneamente em quem votarão. Grande parte deles escolhe, hoje, um nome quando apresentado à lista de candidatos. Nem todos fazem isso com convicção, porém.

  • Alguns citam o nome que mais ouviram falar;
  • Outros, qualquer um que não seja o do candidato que querem ver derrotado;
  • E há até quem escolha um nome aleatório só para não parecer desinformado.

A convicção do voto virá, mas bem mais à frente, quando a problemática da eleição se impuser sobre todos os outros problemas que perturbam o eleitor.

  • O histórico mostra que essa convicção demora cada vez mais para chegar. Pelo menos um em cada quatro eleitores baterá o martelo sobre em qual candidato vai votar apenas na véspera ou no dia da votação.

Até lá, o jogo é outro. O objetivo dos candidatos na atual fase da disputa é se tornarem reconhecidos e, só depois, conhecidos de verdade pelo eleitor. É um processo em etapas:

  1. Ganhar notoriedade, ou seja, seu nome soar familiar (o eleitor ouviu falar dele)

  2. Ser associado a "um lado" da polarização política (o eleitor conhece mais ou menos o candidato)

  3. Tornar suas ideias e propostas conhecidas (o eleitor conhece bem o candidato)

Candidato a prefeito pela segunda eleição municipal consecutiva e nome apoiado por Lula e pelo PT, Boulos largou na frente desde o ano passado. Seu nome soa familiar e, para muitos, já está associado a um lado, à esquerda.

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  • Como consequência, largou mais rápido que os rivais na intenção de voto, mas...
  • Tem um teto de crescimento mais baixo que o principal adversário, o atual prefeito: 34% não votariam nele de jeito nenhum, contra 26% que rejeitam Ricardo Nunes.

Nunes, por sua vez, conseguiu ser mais reconhecido pelo eleitor. Desde agosto, a taxa somada de quem diz conhecê-lo muito bem ou um pouco cresceu de 50% para 57% - sem que sua rejeição tivesse aumentado substancialmente.

  • Para Boulos, a variação foi marginal: de 53% para 56%.

Talvez isso tenha ocorrido porque grande parte dos eleitores ainda não associa o atual prefeito a Jair Bolsonaro. O ex-presidente apoia Nunes, mas de maneira discreta. Seus simpatizantes já sabem, mas nem todos seus opositores tomaram conhecimento do apoio. Entre os que disseram ao Datafolha não conhecer Ricardo Nunes, 34% são simpatizantes do PT.

Por isso, Nunes anda num fio de navalha: tem que ser reconhecido como prefeito, mas não pode ficar marcado como o candidato do bolsonarismo, sob pena de ver seu teto de voto ficar tão ou mais reduzido do que o de Boulos.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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