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Josmar Jozino

PCC proíbe campanha política de PSDB e aliados em comunidades de São Paulo

Reprodução / MOV
Imagem: Reprodução / MOV

Colunista do UOL

20/10/2020 18h17

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O PCC (Primeiro Comando da Capital) divulgou um salve (aviso) proibindo a realização de campanhas políticas do PSDB para as eleições municipais nas comunidades de todo o estado de São Paulo.

A insatisfação com o partido do governador João Doria é em reação à transferência de toda a liderança da facção criminosa para presídios federais, ocorrida em fevereiro do ano passado.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Presidente Prudente (SP), confirmou ao UOL a origem do comunicado.

Graças ao promotor, a liderança máxima do PCC foi transferida para presídios federais.

Gakiya disse ainda que o mesmo "salve" também foi divulgado no sistema prisional. "Lembro que em eleições passadas o PCC já havia se posicionado contra candidatos do PSDB aqui em São Paulo, provavelmente porque o PSDB tem governado o estado nas últimas décadas", comentou.

Na mensagem, a facção criminosa adverte comunidades que ainda não aderiram à determinação para que impeçam de imediato a realização de campanhas de tucanos e candidatos coligados.

Mensagem circula pelo Grande ABC paulista

Os autores do aviso também fazem ameaças para quem desrespeitar a ordem: "Deixamos claro que não é gratificante cobrar ninguém em cima de nossa disciplina, mas caso haja necessidade iremos sim conduzir".

Segundo o áudio ouvido pela coluna, a proibição passa a valer a partir desta terça-feira (20).

Fontes do sistema prisional disseram à reportagem que o mesmo "salve" foi divulgado em várias comunidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema, no Grande ABC paulista.

A coluna apurou que o comunicado já passou a valer também nas comunidades de Guarulhos, Osasco, Carapicuíba, Itapevi e em outras cidades da região metropolitana de São Paulo.

Alerta vale também na Baixada Santista, reduto da facção

Na Baixada Santista, um dos mais fortes redutos do PCC, as informações também são de que a "medida" já está valendo e quem desobedecer as ordens será cobrado.

O PCC tem um histórico de atacar as forças de segurança estatais quando seus líderes se sentem ameaçados ou são isolados em alguma unidade prisional.

Foi isso o que aconteceu em maio de 2006, quando o governo paulista decidiu isolar 765 presos do primeiro, segundo e terceiro escalões na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

Em represália, a facção criminosa paralisou São Paulo, impôs toque de recolher, mandou fechar escolas e o comércio, matou ao menos 48 agentes de segurança e se rebelou simultaneamente em 74 presídios paulistas. Como resposta, a polícia matou 493 pessoas.