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Josmar Jozino

Polícia Civil de SP pedirá prisão de André do Rap por lavagem de dinheiro

Polícia prendeu André de Oliveira Macedo, o André do Rap, em 2019, suspeito de administrar a exportação de drogas do PCC - Luís Adorno/UOL
Polícia prendeu André de Oliveira Macedo, o André do Rap, em 2019, suspeito de administrar a exportação de drogas do PCC Imagem: Luís Adorno/UOL

Colunista do UOL

16/10/2020 12h10

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A Polícia Civil de São Paulo vai pedir à Justiça nova prisão preventiva do narcotraficante André Oliveira Macedo, 43, o André do Rap, investigado em um processo por lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) na Baixada Santista. Há quem calcule o patrimônio dele em meio bilhão de reais.

Investigadores apuraram que ele usa familiares e amigos para lavar dinheiro na aquisição de imóveis, restaurantes, salões de beleza, lojas de carros e de roupas de grifes, construções de prédios e promoções de eventos e shows musicais de artistas famosos.

O poderio financeiro dele foi comprovado em setembro de 2019, quando o criminoso foi preso em uma mansão em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro. No local havia dois helicópteros e uma lancha avaliada em R$ 6 milhões. Ele pagava aluguel de R$ 20 mil mensais pelo imóvel.

As investigações sobre a lavagem de dinheiro começaram em 10 de março de 2019, com a prisão do pequeno traficante de drogas Leonardo Ferreira de Souza, 43, na região de Itaquera, zona leste de São Paulo.

Com Souza foram apreendidos 14 celulares e documentos de contabilidade do tráfico de drogas contendo vários números de telefones. Nos aparelhos móveis periciados foram encontrados contatos de pessoas ligadas a André do Rap na Baixada Santista.

Um dos contatos identificados é de um amigo pessoal dele de longa data. Trata-se de um empresário de 36 anos, apontado como o braço direito do narcotraficante.

Restaurante vazio tinha R$ 1 milhão de faturamento

Segundo a Polícia Civil, o empresário ainda administra vários bens do criminoso, entre eles um restaurante de frente para o mar, em Santos (SP), que chegou a apresentar faturamento mensal de R$ 1 milhão.

A movimentação financeira chamou a atenção dos policiais, já que o local está sempre vazio. Policiais descobriram que a intenção de André do Rap era abrir uma filial do restaurante em Orlando, nos Estados Unidos.

Além de André do Rap, também são investigados por lavagem de dinheiro o empresário e quatro familiares dele; a ex-mulher e duas amantes do narcotraficante.

Eles são acusados de usar uma ONG (Organização Não Governamental) na periferia de Santos para atender crianças carentes. Ainda segundo a Polícia Civil, os "laranjas" de André do Rap utilizam uma empresa de eventos culturais para promover uma série de shows milionários com artistas famosos em São Vicente (SP).

Festas em cobertura e ligações com a máfia

Foram identificados vários imóveis adquiridos por André do Rap na década passada na mesma região. Um deles, na Praia Grande, usado para reuniões e festas com integrantes da quadrilha, era chamada pelo criminoso de "nuvem" por se tratar de uma cobertura.

O narcotraficante também mantinha relações estreitas com integrantes de máfias da Itália e da Sérvia. Na Baixada Santista, segundo a PF, ele era o "disciplina" (chefe) do PCC e responsável pela arrecadação da "rifa", a caixinha mensal obrigatória de R$ 600 pagos pelos integrantes da facção criminosa em liberdade.

O processo sobre tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no qual André do Rap é um dos investigados corre em segredo de justiça no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Prisão seria medida "extemporânea", afirma defesa

Anderson dos Santos Domingues, advogado de André do Rap, disse que o processo sobre lavagem de dinheiro tramita há um ano e que várias pessoas foram ouvidas, mas até agora ninguém foi indiciado nem preso.

Segundo o advogado, se a Polícia Civil pedir a prisão preventiva de seu cliente, isso será uma medida ilegal e extemporânea e será rechaçada pela defesa.

Condenado a 15 anos e seis meses por tráfico internacional de drogas, André do Rap foi solto no último sábado (10) por decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Oito horas depois de André do Rap sair pela porta da frente da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), o presidente da Suprema Corte, ministro Luiz Fux, cassou a soltura dele. As suspeitas são de que o criminoso fugiu para o Paraguai em avião particular.

Ontem o STF, em decisão colegiada, decidiu manter o pedido de prisão que havia contra o traficante.