Ocupação da PM após chacina em favela do Rio deixa quase 5.000 alunos sem aula
Cerca de 5.000 estudantes de colégios estaduais em Nilópolis e em Mesquita, na Baixada Fluminense, ficaram sem aula na manhã desta terça-feira (11) em função da ocupação policial na favela da Chatuba, em Mesquita, depois que 12 mortes foram registradas na região em apenas três dias --incluindo um grupo de seis jovens assassinados por traficantes de drogas.
Além das seis unidades estaduais (quatro em Nilópolis e duas em Mesquita), pelo menos cinco colégios da rede municipal situados na região da comunidade também não funcionam. Outras duas escolas estaduais já informaram aos estudantes que não abrirão as portas no período vespertino.
Durante a madrugada, PMs do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do BPChoque (Batalhão de Choque) --com o apoio de fuzileiros navais-- realizaram uma operação para ocupar a favela da Chatuba. Dez pessoas foram presas e dois menores, apreendidos.
Entre os presos estão Ricardo Sales da Silva, 25, e Mônica da Silva Francisco, 20, que estavam com 433 papelotes de cocaína e 41 pedras de crack. Um homem identificado apenas como Beto Gorducho também foi preso com 50 gramas de cocaína e R$ 15 mil em espécie.
Agentes da Polícia Civil também estão no local a fim de localizar um desaparecido, visto pela última vez em um dos acessos à comunidade. A polícia trabalha com a hipótese de que o homem também foi morto.
A operação marca a instalação de uma companhia destacada na favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Cerca de 112 policiais serão responsáveis por patrulhar a comunidade, segundo o relações-públicas da PM, coronel Frederico Caldas. O monitoramento será feito 24 horas por dia.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seseg), a "medida extraordinária" foi tomada pelo secretário José Mariano Beltrame em caráter de "urgência", e não há um prazo determinado para permanência da PM na Chatuba.
Em nota, o órgão afirma ter "retomado o território" e considera que a favela não está mais sob domínio de traficantes de drogas.
No entanto, apesar do monitoramento 24h por dia, o posto avançado não segue o mesmo modelo das Unidades de Polícia Pacificadora. A polícia ainda não mencionou a possibilidade de instalar uma UPP na região.
Jovens assassinados
Os seis jovens mortos por traficantes tinham idades entre 16 e 19 anos. Os corpos foram localizados em um beco no bairro Jacutinga, às margens da rodovia Presidente Dutra, em Mesquita.
Moradores de Nilópolis, também na Baixada Fluminense, os jovens tinham saído de casa no sábado passado rumo a uma cachoeira, e desapareceram. Na segunda-feira (10), os corpos foram encontrados enrolados em lençóis, baleados e com sinais de tortura.
Segundo o delegado Julio da Silva Filho, da 53ª DP (Mesquita), os crimes foram cometidos por integrantes da quadrilha comandada por Remilton Moura da Silva Júnior, o Juninho Cagão.
A investigação aponta que o assassinato ocorreu apenas pelo fato dos jovens terem passado no bairro em que os traficantes rivais à quadrilha que atua na Chatuba exerce domínio.
Segundo familiares, eles não tinham envolvimento com o tráfico de drogas. (Com agência Efe)
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