Topo

PMs serão ouvidos em júri do Carandiru; apenas 4 de 26 falarão, diz advogada

Janaina Garcia e Gabriela Fujita

Do UOL, em São Paulo

17/04/2013 06h00

O júri de 26 policiais militares acusados pela morte de 15 presos do complexo penitenciário do Carandiru será retomado nesta quarta-feira (17) com a leitura de peças do processo pelos jurados, de manhã, e, à tarde, com os interrogatórios de quatro dos 24 réus presentes ao julgamento. O grupo responde pelo crime de homicídio qualificado, sobre o qual incide pena de 12 a 30 anos de reclusão, por vítima, em caso de condenação.

Como os réus respondem ao processo em liberdade, eles não são obrigados a participar do próprio julgamento. Mesmo os que decidirem se manifestar, podem optar por permanecer em silêncio diante do juiz e da acusação composta, neste júri, pelos promotores Fernando Silva e Márcio Friggi de Carvalho.

A advogada dos réus, Ieda Ribeiro de Souza, não explicou, na terça-feira (16), por que apenas quatro PMs falarão. Dias antes do júri, entretanto, ela admitiu ao UOL que abreviaria a tarefa aos jurados.

O segundo dia de júri, na terça-feira (16), foi marcado pelos depoimentos das testemunhas de defesa, três juízes corregedores da Vara de Execuções, à época, o ex-secretário de segurança pública Pedro Franco de Campos e a juíza da 1ª Vara Criminal de Taubaté Sueli Zeraik Armani. Além deles, depôs também a testemunha mais aguardada pela defesa: o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho.

Para Fleury, "a entrada da polícia foi absolutamente necessária e legítima" no Carandiru. Sobre a responsabilidade pelos 111 assassinatos de custodiados do Estado, durante a ação da polícia, o ex-governador afirmou: "A responsabilidade política era minha; a criminal, caberá aos jurados esclarecer".

Júri pode se tornar imparcial com jurado jovem, diz advogado


Ouvido como testemunha de defesa, Fleury falou durante cerca de 40 minutos e saiu pelos fundos, longe do acesso da imprensa e do público que frequenta o fórum. O segundo dia foi encerrado com a leitura de peças, laudos e depoimentos não levados a plenário por defesa e acusação, aos jurados.

Após o interrogatório dos réus, começa a fase de debates entre acusação e defesa: serão três horas para cada, em função do número de réus, em geral, é uma hora e meia para cada --, com duas horas de réplica e tréplica para cada ?o mais comum são duas horas. Só depois dessas etapas o Conselho de Sentença se reúne para analisar os quesitos da denúncia referente a cada uma das 15 vítimas.
 

  • Arte UOL