Júri do Carandiru será composto por sete homens
Um grupo de sete homens irá compor o Conselho de Sentença do julgamento de 15 policiais militares acusados de matar oito presos durante o Massacre do Carandiru, em 1992. A terceira etapa do julgamento começou nesta segunda-feira (17), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo
A seleção durou quase três horas, e todos os selecionados tiveram de passar por um exame médico para atestar suas condições de saúde - durante o júri da primeira etapa, em abril de 2013, um dos escolhidos passou mal, e o conselho quase foi dissolvido.
Após a escolha, foi aberto um recesso para o almoço. Os trabalhos foram retomados às14h desta segunda.
Ainda nesta segunda, serão ouvidas as testemunhas de acusação. Das seis previstas, apenas três foram localizadas pelos oficiais de Justiça e já estão presentes no fórum.
São elas o ex-detento Marco Antônio de Moura -- que chegou a ser baleado e hoje é servente de pedreiro -- , o perito Osvaldo Negrini Neto e Moacir dos Santos, que era diretor de segurança e disciplina do presídio na época e hoje está aposentado por invalidez.
Moura já depôs em outra fase do julgamento. Na ocasião, disse ter sido salvo por "ouvir o anjo da guarda".
Existe a possibilidade de que o julgamento tenha de ser adiado caso as outras três testemunhas de fato não compareçam. Essa decisão vai depender da avaliação dos advogados das partes.
Caso o julgamento prossiga, a terça-feira (18) será destinada para o depoimento das testemunhas de defesa. Na quarta-feira (19), os réus devem ser interrogados. Os debates estão previstos para a quinta-feira, com o veredicto e as eventuais penas sendo anunciadas no dia seguinte.
Além de pelo menos três testemunhas de acusação, serão ouvidos cinco testemunhas de defesa e os réus.
Julgamento em partes
Por envolver grande número de réus e de vítimas, o julgamento foi desmembrado em quatro etapas, de acordo com o que aconteceu em cada um dos quatro andares do Pavilhão 9.
Nesta etapa, 15 policiais serão julgados pela morte de oito presos que ocupavam o quarto pavimento (ou terceiro andar) da antiga Casa de Detenção Carandiru. Eles também respondem por duas tentativas de homicídio.
A expectativa é que o júri, presidido pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, dure uma semana.
Na primeira etapa do julgamento, em abril do ano passado, 23 policiais foram condenados a 156 anos de reclusão cada um pela morte de 13 detentos.
Na segunda etapa, em agosto de 2013, 25 policiais foram condenados a 624 anos de reclusão cada um pela morte de 52 detentos que ocupavam o terceiro pavimento do Pavilhão 9.
A quarta etapa está prevista para o próximo dia 17 de março.
O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante operação policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do presídio.
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