Trecho do filme "Carandiru" em que PMs matam presos é exibido em júri
A última manifestação do Ministério Público no júri de 26 policiais militares que respondem pelas mortes de 15 presos do Carandiru foi a exibição de 10 minutos do filme “Carandiru” (2003), de Hector Babenco, nos quais é exibida aquela que seria a invasão da Tropa de Choque no pavilhão 9.
O dia a dia do júri
As luzes do plenário foram apagadas para a exibição. Os 24 réus que participam do júri, sentados de frente para a plateia e de costas para o telão, não se viraram para ver as imagens.
Em outros momentos do júri, parte deles não apenas se movimentou para acompanhar exposições no telão, como manifestou expressões faciais de desacordo com as declarações –sobretudo na segunda-feira (16), quando o perito aposentado Osvaldo Negrini Neto simulo o gesto de um tiro de metralhadora em rajada. Em interrogatórios, os réus negaram as rajadas.
Antes da exibição do trecho do filme, o promotor Márcio Friggi fez um último apelo aos jurados –os quais, após a tréplica da advogada dos PMs, Ieda Ribeiro de Souza, se reunirão para definir o veredito: “Não se decidam sem base em prova e com base na tese de que bandido bom é bandido morto. Quem são as pessoas que morrem nas mãos da polícia? As pessoas em quem a sociedade não dá valor, como os pobres. Pelo menos hoje, elas merecem um pouquinho de consideração”, disse.
Antes, o promotor enfatizara: os presos do Carandiru sofriam de problemas como doenças –grande parte dos detentos do pavilhão 9, à época, era soropositiva, por exemplo --, mas o “maior mal era o da invisibilidade”. “Ninguém estava nem aí para essas pessoas. Não importa pelo que estavam presos: no frigir dos ovos, a lei deveria ter sido aplicada a quem cumpria a sua pena."
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