Em mês de protestos, PM do Rio compra 4.000 granadas não letais e 20 mil balas de borracha
Em junho, mês que marcou o país e a cidade do Rio de Janeiro pela intensa agenda de manifestações que tomou conta das ruas --apenas no dia último dia 20, cerca de 300 mil pessoas foram ao centro do Rio protestar contra o preço e a qualidade do transporte público na cidade, entre outras causas--, a Polícia Militar do Rio de Janeiro adquiriu 3.000 granadas de gás lacrimogêneo, mil granadas de luz e som, 20 mil projéteis de borracha com tinta e centenas de projéteis de gás.
Dez estudiosos explicam "a voz das ruas" em seus Estados
- BAHIA: Não é por acaso que estádio da Copa é alvo de protestos em Salvador
- GOIÁS: Caminhoneiros, turistas e produtores agrícolas protestam contra estradas esburacadas
- MARANHÃO: Manifestações retomam combates contra a oligarquia
- MINAS GERAIS: O gigante mineiro já estava acordado; as pessoas é que não se davam conta
- PARÁ: Manifestações abordam do transporte fluvial à morte de bebês
- PARANÁ: Protestos refletem sistema de transporte aquém das expectativas em Curitiba
- PERNAMBUCO: Mobilizações sociais retomam feridas profundas
- PORTO ALEGRE: Protestos geraram aliança política histórica e improvável
- RIO DE JANEIRO: Não é de hoje que se fala no "caráter rebelde" do povo carioca
- SÃO PAULO: “Mais saraus, menos presídios”; periferia paulistana faz novas reivindicações
O gasto total em munição não-letal, segundo dados publicado do Diário Oficial do Estado, foi de R$ 1.568.230. O preço unitário do armamento varia de R$ 17,54 --caso das balas de borracha com tinta, capazes de marcar o alvo com uma determinada cor-- a R$ 205,22 --custo de uma granada de luz e som.
Segundo o coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, a compra foi necessária “em razão da onda de manifestações”, e o último gasto do gênero havia sido feito em agosto de 2011; a munição teria durabilidade de cinco anos. Procurada pelo UOL, a corporação não informou qual foi o valor investido em 2011.
O material foi negociado com a Condor Indústria Química, e a compra foi realizada sem licitação, uma vez que, segundo a assessoria de imprensa da PM, a empresa é o único fornecedor no Brasil.
As manifestações também geraram uma série de críticas à ação da Polícia Militar. Neste mesmo protesto do dia 20 de junho, 62 pessoas ficaram feridas, sendo que ao menos três delas foram encaminhadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar devido ferimentos por balas de borracha disparadas pela polícia. Uma bomba de gás lacrimogêneo chegou a ser lançada na direção do hospital para conter manifestantes que passavam pelo local.
Material vencido
Com a queda do estoque, as tropas do Batalhão de Choque precisaram utilizar até bombas de gás lacrimogêneo com validade vencida. De fato, um invólucro fora de validade utilizada pela polícia para conter um protesto em Niterói, no dia 19 de junho, foi recolhida por membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
O objeto foi encaminhado ao Ministério Público, que abriu inquérito para investigar se houve excesso nas ações de repressão da polícia durante os protestos. Naquele dia, a Ponte Rio-Niterói precisou ser fechada pela Polícia Rodoviária Federal, para evitar a ocupação pelos manifestantes. Houve depredação em vários pontos da cidade e invasão da estação das barcas.
A PM também precisou recorrer à Polícia Civil. Na última terça, 1.500 bombas de gás lacrimogêneo da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil, foi enviado ao Batalhão de Choque da PM. A Core recebeu em janeiro 3.900 artefatos desse tipo do Ministério da Justiça, para treinamento de seus agentes.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.