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Filhos de Amarildo têm DNA coletado para análise de sangue achado em carro da PM

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (2º da esq. para a dir.), participou de reunião com os familiares do pedreiro Amarildo Dias de Souza, no último dia 24 - Ale Silva/Futura Press
O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (2º da esq. para a dir.), participou de reunião com os familiares do pedreiro Amarildo Dias de Souza, no último dia 24 Imagem: Ale Silva/Futura Press

Do UOL, no Rio

31/07/2013 12h58

Os filhos do pedreiro Amarildo de Souza, 42, que desapareceu há duas semanas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, estiveram nesta quarta-feira (30) na Acadepol (Academia de Polícia Civil), no centro da cidade, a fim de fazer coleta de material genético para exame de DNA.

CÂMERAS NÃO FUNCIONARAM

  • Alessandro Buzas/Futura Press

    A ONG Rio de Paz colocou manequins na praia de Copacabana, na zona sul, em protesto contra o desaparecimento de Amarildo

  • As câmeras da UPP da Rocinha pararam de funcionar no mesmo dia em que Amarildo foi levado para lá por policiais "para averiguação". O relatório da empresa Emive mostra que, das 80 câmeras instaladas na favela, apenas as 2 da sede da UPP apresentaram problemas. MAIS

O resultado do exame será confrontado com as manchas de sangue encontradas em um carro da Polícia Militar. Segundo informações da Polícia Civil, a análise deve ser concluída em um prazo de 30 dias. O caso está sendo investigado pela DH (Divisão de Homicídios).

Peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) encontraram sangue no porta-malas e no banco de trás de um dos veículos da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha).

No dia 14 de julho, Amarildo desapareceu depois de ser levado por policiais para a sede da UPP na comunidade. Segundo a PM, ele teria sido confundido com um traficante. Quatro dias depois, os agentes supostamente envolvidos foram afastados de suas funções operacionais pelo comando da UPP. Os nomes não foram divulgados.

Na versão da família, o pedreiro foi abordado pelos PMs da porta de casa e, depois, os policiais disseram que ele foi liberado porque tinha sido confundido com alguém. "Ninguém sabe por que ele foi levado. Ele estava na porta de casa", afirmou a mulher da suposta vítima, Elizabete Gomes da Silva. Amarildo tinha acabado de chegar de uma pescaria.

"PIOR DIA DA VIDA"

Segundo a sobrinha de Amarildo, Michele Lacerda, a família teve o "pior dia da vida" na noite desta terça-feira (30), com a notícia de que o corpo encontrado por policiais militares em um valão na comunidade não era de Amarildo, mas, sim, de uma mulher

Elizabete disse ainda ter certeza de que não voltará a ver o marido com vida. "Não acredito que ele está com vida mais. Já procuramos em tudo o que é lugar e não tivemos resposta de nada. Tenho certeza de que meu marido está morto", declarou.

O caso está sendo acompanhado pela Defensoria Pública do Estado. De acordo com o defensor-geral, Nilson Bruno, caberá indenização aos parentes de Amarildo se for constatada a responsabilidade da polícia. "Mas ainda estamos no processo de elucidação do caso. Trabalha-se, em princípio, com o desaparecimento", disse.

Família rejeita oferta de proteção

A família de Amarildo de Souza declarou à imprensa ter rejeitado a oferta do governo do Estado, feita na última quarta-feira (24), de inclusão no programa de proteção à testemunha. Caso tivessem aceitado o convite da Secretaria Estadual de Direitos Humanos, os parentes do pedreiro teriam que sair da favela da Rocinha.

Segundo Elizabete, a família se sente protegida "pelos amigos" e "pela comunidade", já que o caso ganhou repercussão midiática, em especial depois que o caso Amarildo passou a integrar a pauta de reivindicações dos diversos grupos que protagonizaram a onde de protestos pela cidade.

Elizabete chegou a participar de uma reunião com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e, na ocasião, disse que temia ser vítima de uma tentativa de homicídio. Inicialmente, ela chegou a sinalizar positivamente em relação à inclusão no programa de proteção, mas depois voltou atrás.

O rosto de Amarildo se tornou imagem constante nas manifestações contra o governo do Estado. Em face da repercussão do desaparecimento do pedreiro, ativistas criaram uma campanha chamada "Cadê o Amarildo?", que gerou protestos até mesmo durante a visita do papa à capital fluminense.