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Pistoleiro diz que recebeu R$ 50 mil para assassinar fiscais em Unaí (MG)

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

29/08/2013 19h24

Um dos acusados da chacina de Unaí em janeiro de 2004, em Unaí (a 606 km de Belo Horizonte), Erinaldo de Vasconcelos Silva confirmou sua participação no assassinato dos auditores fiscais e do motorista do Ministério do Trabalho de Emprego, além de formação de quadrilha, durante o terceiro dia do julgamento, nesta quinta-feira (29). Ele foi o primeiro dos três acusados a ser ouvido.

Os acusados pela Chacina de Unaí

Antério MânicaPolítico, ele foi prefeito de Unaí por oito anos, após o crime, durante dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2012. Acusado de ser um dos mandantes da chacina, se condenado pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Seu júri não foi marcado ainda.
Norberto MânicaFazendeiro, irmão de Antério e também acusado de mandante do crime, ele é um dos maiores produtores de feijão do país e conhecido como o rei do feijão. Pode ter a mesma pena.
Hugo Alves PimentaEmpresário agrícola, ele é acusado de intermediário na contratação dos pistoleiros e formação de quadrilha, sua pena pode chegar a 30 anos, se condenado.
José Alberto de CastroEmpresário, ele é também acusado de intermediário.
Francisco Elder PinheiroEmpresário, acusado também de intermediário, morreu no início deste ano.
Erinaldo de Vasconcelos SilvaPistoleiro, ele é acusado de ter executado o crime. Caso condenado, pode ficar 30 anos na prisão. Está preso desde 2004.
Rogério Alan Rocha RiosPistoleiro, acusado também de executor da chacina, preso desde 2004.
Willian Gomes de MirandaPistoleiro, ele atuou como motorista da quadrilha. Acusado também por homicídio, caso condenado, pode pegar também 30 anos de cadeia. Está também preso, desde 2004.
Humberto Ribeiro dos SantosEmpregado dos irmãos Mânica, ele é acusado de formação de quadrilha, por ter apagado pistas do crime. Pode pegar até três anos de prisão.
 Fonte: Procuradoria da República em Minas Gerais

O réu ainda confessou ter recebido R$ 50 mil para participar do crime. O dinheiro deveria ser dividido com os outros dois pistoleiros que participaram da chacina.

Silva ainda afirmou durante seu depoimento ter recebido uma proposta de Norberto Mânica, após ser preso, de R$ 100 mil e um caminhão (no valor de R$ 200 mil), para que ele assumisse o crime sozinho, sem incriminar o fazendeiro, conhecido como o "rei do feijão".

Silva disse que participou do crime como motorista e teria também atirado em dois dos fiscais assassinados. Ele afirmou ter levado os outros dois executantes do crime até o local e ter interceptado o carro dos fiscais em uma estrada vicinal, próxima à fazenda de Mânica.

Segundo ele, o convite para participar da chacina foi feito por José Alberto de Carvalho, acusado de intermediação na encomenda dos assassinatos. "'Tem uma pessoa dando trabalho', me disse ele [José Alberto de Carvalho], e me perguntou se eu o mataria. Não falou quem era essa pessoa. Falou que era qualquer pessoa. Eu aceitei fazer o trabalho", afirmou. "Não sabia o motivo nem quem era."

O réu disse ainda que, após a chacina de Unaí, ele foi convidado por Norberto Mânica para fazer outro assassinato no Paraná, mas não aceitou.

Nesta quinta-feira (29), ainda serão ouvidos os dois outros acusados de executores da chacina, Rogério Allan Rocha Rios e William Gomes de Miranda. Depois, serão julgados os acusados de serem, respectivamente, um dos mandantes e intermediários do crime: Norberto Mânica, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Carvalho. Humberto Ribeiro dos Santos será julgado por formação de quadrilha. Outro denunciado, Francisco Élder Pinheiro, acusado de ser o agenciador dos executores, morreu no início do ano.

A Corte não marcou a data do julgamento do ex-prefeito Antério Mânica (PSDB), irmão de Norberto, que também foi denunciado como mandante do crime. Antério Mânica foi prefeito de Unaí após a chacina por dois mandatos, entre 2005 e 2012.