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Familiares e amigos participam de missa de 7º dia de menina morta após ataque a ônibus em São Luís

Familiares e amigos lotam a igreja de Nossa Senhora da Consolação, no bairro de Santa Cruz, em São Luís do Maranhão, neste domingo (12) - Beto Macário/UOL
Familiares e amigos lotam a igreja de Nossa Senhora da Consolação, no bairro de Santa Cruz, em São Luís do Maranhão, neste domingo (12) Imagem: Beto Macário/UOL

Carlos Madeiro

Do UOL, em São Luís

12/01/2014 21h08Atualizada em 12/01/2014 21h40

Familiares e amigos de Ana Clara Santos Sousa, 6, a homenagearam, em missa de sétimo dia na noite deste domingo (12). Ela morreu depois de ser queimada em ataque a ônibus ordenado por presos, em São Luís, no último dia 3. A criança morreu três dias após o incêndio criminoso.

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Na ação, outras quatro pessoas feridas, entre elas a mãe de Ana Clara, e sua irmã, de um ano e cinco meses, que seguem internadas.

Uma dia antes da morte de Ana Clara, o bisavô da menina, Dascio Rodrigues, 80, morreu ao saber que a bisneta foi vítima dos atentados. Ele também foi homenageado neste domingo na mesma celebração.

O ataque foi ordenado por detentos que estão no complexo de Pedrinhas, foco de uma crise na segurança pública do Estado. Superlotado, com 1.700 vagas e 2.200 presos, o complexo registrou 62 mortes desde o ano passado --60 em 2013 e duas neste ano. Após uma intervenção da PM (Polícia Militar) no complexo, detentos ordenaram ataques fora do presídio --em um deles uma menina de 6 anos morreu depois de ter 95% do corpo queimado em um ônibus que foi incendidado por bandidos.

 

A missa aconteceu na Igreja Nossa Senhora da Consolação, no bairro de Santa Cruz, em São Luís, onde a garota costuma ir com a bisavó, Antônia Mendes Silva, 79, que estava muito emocionada.

Familiares usaram camisas personalizadas com a foto, nome dos dois mortos e a frase: "Quem quiser vencer na vida deve fazer como seus sábios: mesmo co ma alma partida, ter um sorriso nos lábios".

Antes da missa, um terço foi rezado especialmente em homenagem à menina e a seu bisavô. A cerimônia religiosa começou em seguida, comandada pelo frei Eduardo, e contou com cerca de 150 pessoas.

O pai da menina, Wenderson Souza, 25, que mora no Rio de Janeiro, esteve presente a cerimônia e afirmou que as mensagens de apoio ajudam a confortar a família.

“Queríamos fazer uma homenagem bem bonita para ela, para o meu avô. O apoio das pessoas e a prisão dos envolvidos ajuda aliviar, mas não trazem minha filha de volta. Espero que as autoridades fiquem mais atentar e evitem que novas famílias passem por esse sofrimento”, disse.

Casado no Rio, Souza afirmou que não via a filha havia cerca de dois anos, mas disse que seus familiares em São Luís tinham grande proximidade com a menina, em especial seus avós.

Preocupação

A neta de Dascio e Antônia, Janaína Barros, disse que a bisavó toma remédios e há uma preocupação da família pelas duas perdas. “Estamos controlando a saúde dela, que é hipertensa. Sempre que ela lembra, tentamos mudar de assunto”, afirmou.

Barros ainda disse que a família ficou incomodada com a divulgação do vídeo do incêndio ao ônibus em que Ana Clara estava.

“Achamos muito agressivo, não cortaram sequer a parte em que ele está se queimando. Nós havíamos pedido que isso não fosse divulgado. Minha avó pode estar assistindo TV e ser obrigado a ver aquilo”, disse.

Também neste domingo, todas as missas celebradas em São Luís tiveram atos em lembranças a Ana Clara. Além de rezar pela garota e familiares, a Arquidiocese de São Luís também pediu que a população usasse lenços brancos em um pedido de paz na cidade.