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Primo adolescente matou a facadas criança de 4 anos na Maré

Henrique Coelho

Do UOL, no Rio

17/04/2014 12h49Atualizada em 17/04/2014 18h32

O delegado da 21ª DP (Bonsucesso), Delmir Gouveia, informou que o menino de quatro anos que estava desaparecido desde quarta-feira (16) foi morto a facadas pelo primo, um adolescente de 14 anos, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo Gouveia, o menor confessou a autoria do crime. "Foi num acesso de raiva que tudo aconteceu, segundo o jovem", afirmou o delegado. O corpo da criança foi encontrado na manhã desta quinta-feira (17) na Baixa do Sapateiro, uma das 15 comunidades que formam a Maré.

A vítima estava dentro de uma máquina de lavar na casa da própria mãe, amarrada e com sinais de violência. Peritos da 21ª DP e da Divisão de Homicídios da Polícia Civil analisaram a cena do crime nesta manhã, quando o primo da vítima foi apreendido. Ele disse ter assassinado a vítima com quatro ou cinco facadas.

O titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, afirmou que o adolescente de 14 anos ficou irritado com a alegria do primo. O delegado descreveu a dinâmica do crime: "Ele primeiro sufocou a vítima até desmaiar. Após levar caio para o quarto, ele pegou uma faca na cozinha e, segurando o braço do menino, desferiu de quatro a cinco facadas. Arrependido, porque disse estar fora de si, ele escondeu o corpo ate ser encontrado".

Terceira morte em menos de duas semanas de ocupação militar no Complexo da Maré - Guilherme Pinto/Agência O Globo - Guilherme Pinto/Agência O Globo
Esta é a terceira morte na favela em menos de 2 semanas de ocupação militar. No dia 12, Jeferson Rodrigues da Silva, 18, foi morto a tiros na comunidade Vila do João. Segundo o exército, a vítima morreu durante uma troca de tiros com suspeitos. Dois dias depois, Teresinha Justino da Silva, de 67 anos, morreu após ser atingida por dois tiros ao deixar uma farmácia. Ela foi enterrada (foto) nesta quarta-feira (16)
Imagem: Guilherme Pinto/Agência O Globo

Segundo Barbosa, antes do desaparecimento, a mãe da vítima, Vanessa, repreendeu o adolescente de 14 anos pelo fato de ele estar andando descalço na comunidade da Baixa do Sapateiro, e não falou nada sobre Caio também estar sem chinelo. "Ao subirem novamente, Lucas se mostrou incomodado com a alegria de Caio e cometeu o crime", finalizou Rivaldo.

O sumiço

De acordo com informações da 21ª DP, durante a madrugada, uma mulher registrou boletim de ocorrência a respeito do sumiço do filho. A mãe, Vanessa Lima dos Santos, 31, relatou que o garoto brincava na porta de casa quando desapareceu durante uma confusão ocorrida na Baixa do Sapateiro, por volta das 18h30 de quarta-feira.

Na ocasião, informou o major Alberto Horita, porta-voz das tropas militares que atuam na ocupação da Maré, criminosos utilizaram rojões contra homens do Exército responsáveis pelo patrulhamento na região. Segundo ele, não houve revide por parte dos militares.

"Fomos procurados por populares por volta das 22h, quando populares comunicaram o desaparecimento da criança. Realizamos ações para encontrá-la, mas não obtivemos sucesso", relatou.

Vanessa, em entrevista à TV Globo, afirmou que observava o filho brincar quando uma bomba foi lançada na rua. "Ele correu com as outras crianças. Mas ele não correu na minha direção nem foi para casa", disse ela, que trabalha como cozinheira e é mãe de outros quatro filhos. (Com Estadão Conteúdo)