Na foz do rio Doce, boias são instaladas em vila apreensiva com lama
Os cerca de 800 moradores da pequena Regência, distrito de Linhares (ES), localizada na foz do Rio Doce, acompanham com apreensão o caminho do mar de lama que cobriu Mariana (MG) há 15 dias e deve chegar ao local nesta sexta-feira (20). Boias estão sendo instaladas pela Samarco, empresa responsável pelas barragens, para tentar conter a lama.
Já sem água na torneira, eles viram os turistas, principal fonte de renda da região, desaparecerem, conforme crescia o alcance do desastre. O local chega a receber até 5 mil pessoas na alta temporada,
Dono da Pousada do Sérgio, Sérgio Missaia calcula que ao menos 70% dos hóspedes já cancelaram as reservas. Até então a pousada estava com lotação esgotada para o Ano Novo e Carnaval, dois dos principais feriados da localidade, conhecida pelo ecoturismo e pela beleza das praias formadas pelo rio. “A vila parou. É um dos melhores picos de surfe do Brasil, entre os cem melhores do mundo. Isso tudo está para acabar, não gosto nem de falar. Dá vontade de chorar”, diz.
A cidade, diz Missaia, parece um cenário de guerra. Há máquinas, caminhões e operários por todos os lados, ocupados em instalar boias e sistemas de contenção para ao menos tentar evitar que a lama ela se acumule na foz e aumente ainda mais o prejuízo.
A Samarco começou nesta quinta-feira (18). A Justiça Federal no Espírito Santo determinou que a mineradora Samarco adote em 24 horas medidas para que a lama não chegue ao mar. Conforme a decisão, a mineradora, que pertence a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, será multada em R$ 10 milhões por dia caso a determinação não seja cumprida.
Na pousada, assim como no resto do distrito, já não há água corrente. Missaia comprou um caminhão-pipa de água mineral para abastecer os hóspedes e puxa água de um poço artesiano, decantada em uma caixa e tratada com cloro, para os banheiros, mas não sabe até quando vai conseguir fazer isso. “Estão dizendo que se a lama vier vai acabar com a qualidade de toda a água do lençol freático, não sabemos”, diz. “A verdade é que estão todos perdidos com essa situação. ”
Vice-presidente da associação de moradores e dono de uma empresa de ecoturismo, Fábio Gama diz que o prejuízo na região é incalculável. Ele viu os cerca de 200 turistas que atendia por semana caírem para zero e diz que o mesmo acontece com todas as pousadas e negócios do vilarejo. “Estamos afetados em 100%”, diz. “A previsão é de no mínimo três anos parados. Quem vai querer visitar, fazer um passeio de barco, um passeio de caiaque em um rio completamente contaminado?”, questiona.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.