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Corregedoria investiga PMs por "mensalão do tráfico" e morte em São Paulo

Corregedoria da PM cerca batalhão em São Paulo em operação com o MP - Reprodução/TV Globo
Corregedoria da PM cerca batalhão em São Paulo em operação com o MP Imagem: Reprodução/TV Globo

Josmar Jozino e Flávio Costa

Colaboração para o UOL, e do UOL, em São Paulo

25/06/2020 19h52

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo realizou hoje uma operação que cercou a sede do 5º Batalhão, na Vila Gustavo, zona norte da capital paulista, para apurar denúncias contra policiais da unidade. PMs da Força Tática são suspeitos de extorquir traficantes de drogas e praticarem, ao menos, o homicídio de um morador de rua.

O caso foi revelado por reportagem publicada no dia 31 de janeiro pelo site Ponte Jornalismo.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) informou que a "operação foi desencadeada no local denunciado a fim de constatar a veracidade dos fatos".

A nota, entretanto, não esclarece se algum policial foi preso nem se foi encontrado algo de ilícito nas buscas realizadas e se as denúncias procedem ou não.

A apuração do UOL permite afirmar que a operação de hoje tem relação direta com as denúncias relacionadas ao chamado "mensalão do tráfico" e com a suspeita de homicídio.

Denúncias

Na véspera do Natal do ano passado, a Corregedoria da PM recebeu denúncias informando que PMs da Força Tática do 5º Batalhão cobravam uma espécie de "mensalão" de traficantes de drogas do Jardim Brasil.

O autor da denúncia chegou a divulgar mensagens de WhatsApp de PMs da Força Tática negociando com um traficante o valor da propina em R$ 7.500,00 mensais.

Na troca de mensagens, os policiais militares demonstram insatisfação com o valor cobrado e ameaçam exigir uma mesada mensal de R$ 10 mil para não coibir a venda de drogas no bairro.

O UOL teve acesso a essas mensagens. O site Ponte Jornalismo entregou em janeiro essas mesmas mensagens à Corregedoria da PM paulista.

Segundo o denunciante, o ponto da comercialização de entorpecentes funcionava na rua Tenente Sotomano e a propina era cobrada sempre por um tenente e ao menos quatro cabos da Força Tática.

Em uma das mensagens de WhatsApp, um cabo comenta com um traficante que a "biqueira" (ponto de venda de drogas) da rua Tenente Sotomano era uma mina de ouro e chegava a faturar R$ 30 mil por semana com a comercialização de cocaína.

O denunciante também informou à Corregedoria que PMs da Força Tática abordaram, no ano passado, um integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e tentaram extorqui-lo, pedindo R$ 100 mil para não prendê-lo. Como o criminoso não tinha o dinheiro, os PMs roubaram um fuzil dele.

Ainda segundo a denúncia, os PMs corruptos realizavam churrascos regados a bebidas e drogas com parte do dinheiro obtido com a extorsão contra os traficantes da região.

A Corregedoria da Polícia Militar abriu dois inquéritos para apurar as denúncias contra os PMs da Força Tática do 5º Batalhão.

Na tarde desta quinta-feira, a sede da unidade militar foi cercada por oito viaturas do órgão fiscalizador, além de outros três veículos (descaracterizados). Foram vasculhados armários usados pelos policiais militares da Força Tática do 5º Batalhão.