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Xi Jinping é eleito novo líder do Partido Comunista e vai assumir Presidência da China

Vice-presidente da China, Xi Jinping, é indicado pelo comitê central do Partido Comunista como novo líder do país para os próximos cinco anos - Mark Ralston/AFP
Vice-presidente da China, Xi Jinping, é indicado pelo comitê central do Partido Comunista como novo líder do país para os próximos cinco anos Imagem: Mark Ralston/AFP

Do UOL, em São Paulo

15/11/2012 03h51

O Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) designou nesta quinta-feira (15) Xi Jinping como o secretário-geral da formação e o "número um" da nova lista de sete membros do comitê permanente, principal órgão reitor, anunciou a agência de notícias "Xinhua".

Desta forma, Xi,  59, assumirá a Presidência da China em março de 2013, sucedendo a Hu Jintao, que deixa nesta quinta-feira (15) seu posto no comitê permanente e também a secretaria geral do partido, dando o primeiro passo na transição da chamada "quarta geração" de líderes comunistas para a quinta.

Os outros novos membros do comitê, também principais autoridades do partido, são Li Keqiang, Zhang Dejiang, Yu Zhengsheng, Liu Yunshan, Wang Qishan e Zhang Gaoli.

A nomeação de Xi como novo líder do partido já era esperada há meses, e também nesta quinta-feira foi alçado à condição de presidente da Comissão Militar Central, o órgão que controla as Forças Armadas do gigante asiático.

Xi e os outros seis membros do comitê permanente se apresentaram à imprensa local e internacional por volta das 12h (2h de Brasília) no Grande Palácio do Povo, em Pequim, onde foi realizado o 18º Congresso do Partido Comunista entre os dias 8 e 14 de novembro.

Em seu primeiro discurso como chefe do partido, Xi louvou "o caráter e a vontade do povo chinês durante seus 5.000 anos de história" e demonstrou a intenção de dar continuidade ao processo de reformas e abertura vivido pela China nas últimas décadas.

Segundo as previsões dos analistas e observadores, tudo apontava que o atual vice-primeiro-ministro, Li Keqiang, ocuparia a terceira posição na lista de "escolhidos", pelo que, segundo regras não escritas, assumiria meses depois o cargo de primeiro-ministro.

No entanto, Li Keqiang apareceu em segundo lugar, atrás apenas de Xi Jinping, uma posição que se relaciona com a de presidente da Assembleia Nacional, o principal órgão legislativo do país.

O novo líder

O sucessor de Hu Jintao à frente do Partido Comunista, Xi Jinping, 59, é vice-presidente do Estado chinês desde 2008 e é uma figura pouco conhecida pelo grande público. Ficará à frente de um partido com 82 milhões de membros ao menos até 2017, e depois até 2022.

Xi estudou engenharia química e passou a servir como secretário pessoal do então ministro da defesa Geng Biao. Sua carreira política começou como vice-governador em 1999, tendo sido promovido a governador anos depois.

Em 2002, Xi assumiu a administração do partido em Zhejiang, uma província na costa sudeste da China. Ele entrou no Comitê Permanente do Politburo em 2007 e, em 2008, tornou-se vice-presidente do país. Em 2010, ele também foi promovido a vice-presidente da Comissão Militar Central do PCCh e da Comissão Militar Central da China. Ele também é presidente da Escola Central do Partido.

Embora não fosse a primeira opção de Hu Jintao --que preferia transferir o cargo para o vice-primeiro-ministro Li Keqiang--, o nome de Xi acabou aceito porque atendia a todas as facções do partido.

Xi é casado com Peng Liyuan, famosa cantora folk da China, com quem tem uma filha, Xi Mingze, que estuda na Universidade de Harvard, nos EUA. É o segundo casamento do político.

Ele será o sexto líder máximo da República Popular da China, depois de Mao Tse-tung (1949-1976), Hua Guofeng (1976-78), Deng Xiaoping (1978-92), Jiang Zemin (1992-2002) e Hu Jintao (2002-2012).

Desafios

O novo presidente herda uma China em plena mudança, que pretende manter sua posição de segunda economia mundial, atrás dos Estados Unidos, e que forma parte dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, ou seja, país essencial na busca de acordos em questões como as da Síria, Irã ou Coreia do Norte.

Os desafios do novo líder vão desde conter a crise de credibilidade pela qual passam as autoridades chinesas, devido aos casos de corrupção, a enfrentar a crise econômica sem enfraquecer o país.

Segundo a previsão do FMI, o país deve sofrer um abrandamento da economia, registrando crescimento de 7,6% para o segundo semestre de 2012, a menor taxa desde 1990. Antes, o país contava com a previsão de crescimento de 9,2% para este ano. Já para 2013, a estimativa do FMI é de que o país cresça 8,5%.

Potência marítima em ascensão, a China mantém firme suas reivindicações em litígios de fronteiras marítimas com Japão, Vietnã, Filipinas ou Brunei, no âmbito de uma rivalidade crescente com os Estados Unidos no Pacífico.

Quanto aos direitos humanos, o país continua sendo alvo de críticas. Um primeiro teste para o novo líder será o caso do prêmio Nobel da Paz 2010, o intelectual e dissidente Liu Xiaobo, preso desde 2008 por ter se manifestado favorável à realização de eleições multipartidárias e da liberdade de expressão no país.

Em visita ao Japão, o líder espiritual Dalai Lama fez um apelo ao novo líder chinês contra a censura no país. "A era Hu Jintao acabou. Xi Jinping vai ser o novo presidente. Acho que não há alternativa salvo se ocorrer uma mudança política. O futuro presidente não terá outra opção a não ser aceitar a mudança nos próximos anos", disse.

Com relação aos casos de corrupção, o porta-voz  do partido, Cai Mingzhao, disse que a China aprendeu uma lição "extremamente profunda" com os casos recentes e vai tornar o combate à corrupção uma prioridade juntamente com uma nova reforma. Contudo, a reforma política a que Cai se refere "teria de ser realista", já que o sistema atual da China, de governo de um partido, não estava em debate.

"Nosso país é uma sociedade em transição, o fenômeno da corrupção acontece facilmente e com frequência, e é uma tarefa de longo prazo e difícil para o partido (resolver)", disse Cai em uma entrevista coletiva no Grande Salão do Povo de Pequim, na véspera do início do Congresso.

A corrupção entre dirigentes chineses e o enriquecimento extravagante das elites locais ou nacionalistas criam uma imagem que, para os mais críticos, "faz o PCCh parecer uma máfia que distribui, entre os membros de diferentes famílias, os frutos do formidável crescimento chinês e das rendas garantidas", disse o jornal francês "Le Monde". Já para outros, o partido soube hábil e eficientemente retomar o caminho da China, em nome do “crescimento e estabilidade”, duas palavras-chaves no regime. (Com agências internacionais)