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Igreja católica em cidade de massacre nos EUA sofre ameaça de bomba durante missa

16.dez.2012 - Integrantes da polícia especial Swat atuam na igreja católica de Newtown após uma ameaça de bomba no local em que os parentes das vítimas do massacre buscam consolo espiritual - Lucas Jackson/Reuters
16.dez.2012 - Integrantes da polícia especial Swat atuam na igreja católica de Newtown após uma ameaça de bomba no local em que os parentes das vítimas do massacre buscam consolo espiritual Imagem: Lucas Jackson/Reuters

Do UOL, em São Paulo*

16/12/2012 17h05

Uma igreja católica em Newtown, no Estado norte-americano de Connecticut, foi esvaziada neste domingo (16), após uma ameaça de bomba registrada por autoridades durante uma missa. A igreja fica a cerca de 1,6 quilômetro da escola onde 20 crianças foram assassinadas na sexta-feira por um atirador.

Membros da SWAT, polícia de elite americana, evacuaram a igreja de St. Rosa de Lima, que fica a cerca de 1,6 km da escola Sandy Hook, onde 20 crianças e seis mulheres foram assassinadas a tiros na última sexta-feira (14). Policiais locais e ambulâncias também foram destacadas para o local.

O jornal "New York Post" apontou que um homem teria feito uma ligação ameaçando atacar a igreja, e o monsenhor Robert Weiss, que oficiava a missa, pediu a evacuação imediata.

"Houve uma ameaça contra a igreja", disse Weiss aos fiéis. "Necessito que todos saiam imediatamente".

Trinta crianças estavam ensaiando para o desfile anual natalino em um edifício próximo também abandonaram as instalações nas quais estavam.

Segundo o canal "Fox News", as autoridades policiais não encontraram nenhum artefato dentro da igreja.


Tragédia em Sandy Hook

Pouco depois das 9h, a Polícia de Newtown recebeu uma chamada de emergência desconhecida na história recente desta cidade, sobre um tiroteio no colégio Sandy Hook, no qual estudam crianças com idades compreendidas entre 5 e 10 anos.

A polícia nos levou para fora da escola e disse para ficarmos de mãos dadas e de olhos

fechados

Vanessa Bajraliu, 9 anos, aluna da escola

O jovem Adam Lanza, de apenas 20 anos, matara sua mãe em casa e depois se dirigira de carro até a escola na qual ela dava aula, disparando à queima-roupa contra crianças e adultos até contabilizar 26 vítimas antes de se suicidar.

Trata-se do segundo tiroteio mais sangrento na história dos Estados Unidos, atrás apenas do registrado em 2007 na universidade Virgínia Tech, onde morreram 33 pessoas, e evoca também a matança no instituto de Columbine, no Colorado, em 1999, que terminou com 15 vítimas.

O drama atingiu uma pequena cidade que já se preparava para as festas de fim de ano enfeitada com luzes brancas e uma grande árvore decorada por seus cidadãos, entre eles María Briscesh, que, assim como outros moradores, buscou refúgio e apoio durante o dia todo nos diferentes centros religiosos locais.


"Estou arrasada. Há três membros da nossa igreja com filhos no colégio e ainda não sabemos se algum deles morreu", relatou à Efe María, de 50 anos, que acudiu, como outros tantos fiéis, à United Methodist Church.

Os templos religiosos ficaram lotados durante o dia todo, e a Igreja Católica Santa Rosa de Lima recebeu à noite centenas de pessoas em uma vigília da qual participaram tanto pais das crianças que sobreviveram ao massacre como moradores, além do governador de Connecticut, Daniel Malloy.

Escola Sandy Hook

A escola primária é a maior do distrito e tem cerca de 650 alunos entre 5 e 10 anos, do jardim de infância até a quarta série, com 39 professores.
Fica em uma área residencial, a cerca de 90 minutos de Nova York.
Foi reconhecida como uma escola de vanguarda.
O lema da escola é "Pense que você pode, trabalhe duro, seja esperto, seja gentil."
No final de 2009, Dawn Lafferty Hochsprung assumiu o posto de diretora da escola. Ela está entre os mortos.

"Muitos de nós vamos confiar hoje e nos próximos dias no que nos ensinaram e no que acreditamos, que é que a fé existe por uma razão", disse Malloy perante uma emocionada igreja na qual se viam fiéis acendendo velas e cantando "Noite de Paz".

Em seu altar foi acesa uma vela por cada uma das vítimas da tragédia e ali serão celebrados ofícios religiosos ao longo deste sábado, da mesma forma que na Trinity Episcopal Church.

"Estou em choque. Não há palavras para descrever o que estamos vivendo. Nunca tinha visto nada igual", explicaram à Efe Jeff Powers e sua noiva, Kelly Grogen, que chegaram ao centro religioso depois de visitarem o hospital da cidade de Danbury, para onde foram transferidas muitas das vítimas do tiroteio.

Com a maior parte dos acessos bloqueados pelas autoridades, vários helicópteros sobrevoando-a e dezenas de bombeiros, agentes da Polícia e jornalistas inundando suas ruas, a tranquila Newtown tenta agora superar uma tragédia que a deixou marcada para sempre.

"Esta cidade nunca mais será a mesma", reconheceu à imprensa um devastado morador.

(Com informações de agências internacionais)