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Justiça decide se aceita prisão por mais de mil anos para sequestrador de Cleveland

Do UOL, em São Paulo

01/08/2013 06h01

Ariel Castro, que se declarou culpado na semana passada pelo sequestro, estupro e espancamento de três mulheres em Cleveland, cidade do Estado de Ohio (EUA), vai descobrir o seu destino nesta quinta-feira (1º). Um juiz determinará sua condenação em um tribunal do condado de Cuyahoga, em Ohio, em audiência prevista para as 9h locais (10h no horário de Brasília).

A audiência está prevista para durar horas e contará com testemunhas e provas colhidas no curso da investigação. Castro deve ser ouvido durante a audiência, segundo seu advogado, Craig Weintraub.

A sentença de Castro vem depois de ele ter aceitado, na última sexta-feira (26), um acordo proposto pela acusação, que o livra da pena de morte, mas o leva à prisão perpétua pelas mais de 10 mil acusações a que responde.

Se o acordo for validado pela Justiça, o julgamento previsto para 5 de agosto não deve ocorrer e as vítimas não precisarão testemunhar.

Além da condenação à prisão perpétua, o acordo prevê um adicional de mil anos de cadeia, sem direito à liberdade condicional. Com isso, Castro, 53, não testemunhará e se declarará culpado por 937 acusações.

Castro também concordou em pagar US$ 22.268,83 (R$ 50,8 mil) para um banco do condado que vai demolir sua casa.

Vítimas gravam vídeo 

As três vítimas de Castro - as jovens Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight - não estiveram na corte na sexta-feira (26) e tampouco devem participar da audiência desta quinta. Elas podem optar por fazer declarações escritas ou por vídeo.

As jovens conseguiram escapar em maio deste ano da casa de Castro, onde foram mantidas em cativeiro por dez anos. Castro foi preso logo depois de Berry chamar a polícia pelo telefone de um vizinho.

Desaparecidas entre 2002 e 2004, quando tinham 14, 16 e 20 anos, todas aceitaram caronas de Castro, um ex-motorista de ônibus.

Durante o período de cativeiro, Castro se aproximou da família de uma de suas reféns e chegou a participar de uma vigília organizada quando ela estava sumida.

O ex-motorista também é acusado de provocar ao menos cinco abortos em uma das mulheres, que foi espancada e passou fome até perder os bebês.

No começo de julho, elas gravaram um vídeo no qual agradecem por todo o apoio que tiveram desde que foram libertadas.

"Quero que todos saibam como eu estou feliz de estar em casa com minha família, meus amigos. Tem sido incrível. Eu quero agradecer a todos que ajudaram a mim e a minha família durante todo esse calvário. Todo mundo que foi lá para nos apoiar tem sido uma bênção", disse Amanda Berry no vídeo. "Eu estou ficando mais forte a cada dia."

Vítimas de Cleveland agradecem apoio

O próprio filho de Castro, Anthony Castro, 31, afirmou que a prisão perpétua "é a melhor sentença possível" para seu pai, em entrevista para a emissora de televisão ABC.

"Meu pai não pode controlar seus impulsos, não tem nenhum respeito pela vida humana, como já vimos. Ele merece passar o resto da sua vida atrás das grades (...). Lá nunca mais poderá fazer mal a alguém."

“Só sai da prisão em uma urna de cinzas”, diz promotor

Na audiência, os procuradores querem que o tribunal e o público compreendam o impacto que Castro teve sobre suas vítimas e na comunidade.

Tim McGinty, da procuradoria do condado de Cuyahoga, descreveu Castro como “um manipulador sem remorso que não irá sair da prisão, exceto pregado em um caixa ou em uma urna de cinzas”.

McGinty deverá chamar pelo menos um especialista para testemunhar sobre o estado mental das três mulheres durante o cativeiro, segundo Joe Frolik, porta-voz McGinty. O especialista irá discutir especificamente a síndrome de Estocolmo, uma condição mental, por vezes vista em vítimas de sequestro, em que as vítimas começam a sentir simpatia e até mesmo apreço pelo seu captor.

Testemunhas do Ministério Público "vão falar sobre o impacto que Castro tinha sobre essas mulheres", disse Frolik.

Frolik não quis identificar quem será chamado, mas informou que um perito reconhecido nacionalmente por analisar os efeitos da síndrome deve ser um dos ouvidos. "Ainda estamos formulando nosso plano de acusação", afirmou.