Topo

Escalada de violência na Síria ultrapassou limites, diz ministro

Edgard Matsuki

Do UOL, em Brasília

16/09/2013 12h30Atualizada em 16/09/2013 12h52

Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (16), o ministro das Relações Exteriores, Luiz Roberto Figueiredo, afirmou que o Brasil se posiciona contra uma solução bélica para o conflito na Síria e criticou a escalada da violência no país. De acordo com o ministro, é o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) quem deve decidir sobre o conflito que acontece no Oriente Médio.

O ministro afirmou que o Brasil se posiciona totalmente contra qualquer intervenção militar sem autorização da ONU. “A hora é de investir na diplomacia para investir na paz duradoura. Um plano de intervenção militar [como o dos EUA] só agravaria a situação de guerra na região”, falou Figueiredo. Ele reiterou que “o uso de armas só pode acontecer em duas situações: com autorização da ONU ou como defesa nacional”.

Para solucionar o problema, o ministro pede a interrupção do fluxo de armas para o país, seja para o governo ou para os rebeldes sírios.

Figueiredo falou também que o Conselho de Segurança da ONU tem que ter mais voz na questão: “O Conselho tem que sair do imobilismo e assumir as suas responsabilidades”. Figueiredo disse que o Brasil defende a realização de uma nova conferência internacional para discutir a questão o mais rápido possível. 

Entenda a crise na Síria; clique

“A Síria passou por uma escalada de violência que ultrapassou os limites. O mais recente relatório da Comissão de Inquérito ONU voltou a apontar a ocorrência de diversos crimes contra a humanidade por todas as partes do conflito. Isso mostra que a solução não deve ser militar, deve ser negociada”, afirmou Figueiredo.

Para o chanceler brasileiro, os problemas vão muito além do uso de armas químicas na Síria. “O uso de armas químicas é um fato hediondo. Mas também temos grande escalada de uso de armamentos convencionais e são elas que causam o maior número de mortes na Síria”, diz.

O ministro diz que o Brasil está "satisfeito" com a solução pacífica que teria se desenhado após Rússia e Estados Unidos terem entrado em acordo sobre as armas químicas no conflito. “O governo recebe com satisfação vários movimentos que apontam para a solução para o conflito como o acordo entre Rússia e EUA e a cessão de armas químicas por parte da Síria”, diz. 

Em relação ao papel do Brasil no conflito, o ministro defende uma posição ativa do país em relação à questão: “O Brasil tem muitas pessoas ativas com raízes na Síria. Do nosso ponto de vista, isso nos credencia a buscar um debate em busca da paz para o povo sírio”, falou.

Nas palavras de Figueiredo, o Brasil deve mandar um embaixador para a Síria quando a questão do conflito for solucionada: “Queremos que a situação melhore cada vez mais. Pela primeira vez temos um fato concreto desde que se iniciou o conflito e nosso embaixador será enviado à Damasco quando tivermos clara a solução”.

Relatório da ONU

O relatório de inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) que será apresentado nesta segunda-feira (16) traz evidências do uso do gás sarin no ataque químico do último dia 21 de agosto nos arredores de Damasco.

Segundo a agência de notícias Associated Press, que teve acesso à primeira página do documento, os inspetores da ONU disseram que "as amostras ambientais, químicas e médicas recolhidas fornecem provas claras e convincentes de que foguetes contendo o agente sarin foram usados... na área de Ghouta, em Damasco" em 21 de agosto. O relatório também menciona as áreas de Ein Tarma, Moadamiyeh e Zamalka.