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Presidente do Irã propõe 'eliminação total das armas nucleares' do mundo

Do UOL, em São Paulo

26/09/2013 10h39Atualizada em 26/09/2013 11h37

O presidente do Irã, Hasan Rowhani, defendeu nesta quinta-feira (26), a eliminação total das armas nucleares do mundo em cinco anos. “Nenhuma nação deveria ter armas nucleares”, afirmou durante Encontro de Alto Nível sobre Desarmamento Nuclear, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Veja como funciona o programa nuclear iraniano

Rowhani citou especificamente o Estado de Israel, e disse que o país “deveria abrir mão de suas armas nucleares e assinar os acordos de não-proliferação, por um Oriente Médio livre destes artefatos".

“Vamos investir em desenvolvimento ao invés de armas”, afirmou o presidente, que também sugeriu a criação do Dia Mundial Sem Armas Nucleares em 26 de setembro. 

'Moderado'

Desde que foi eleito presidente, em junho, Rowhani já tomou diversas medidas com o objetivo de aproximar o país da comunidade internacional.

Além de dizer que o Irã "nunca terá armas nucleares" - um dos principais pontos de atrito com os Estados Unidos -, ele libertou, às vésperas do início da Assembleia da ONU, vários presos políticos iranianos.

Questão nuclear

Países ocidentais e Israel há anos suspeitam que o Irã esteja tentando desenvolver armas nucleares, embora o governo iraniano insista no caráter pacífico do seu programa atômico.

O Irã já sofreu várias sanções internacionais devido à sua recusa em abandonar as atividades de enriquecimento de urânio, que podem gerar material para fins civis ou militares.

Em 2010, o governo Ahmadinejad enfrentou uma das maiores crises em relação ao programa atômico iraniano. O Irã chegou a um acordo com Brasil e Turquia sobre as condições de troca do urânio iraniano levemente enriquecido, por urânio enriquecido a 20%, mas a medida não impediu novas sanções aplicadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Em 11 de fevereiro de 2010, durante as comemorações do 31° aniversário da Revolução Islâmica, Ahmadinejad declarou que seu país havia iniciado a produção de urânio enriquecido a 20%, para uso civil e provocou revolta na comunidade internacional.

Já Israel é tido como o único país do Oriente Médio a possuir armas nucleares. No entanto, o governo israelense nunca admitiu possuir arsenal nuclear e não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

O Estado hebreu é membro da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), mas suas instalações não estão submetidas às inspeções da organização, com exceção de um pequeno sítio de pesquisa. Segundo especialistas, Israel possui entre 100 e 300 ogivas nucleares.

Os Estados Unidos possuem mais de 5.000 ogivas nucleares e foi o único país do mundo a usar armas nucleares em combate. Durante a 2ª Guerra Mundial, os americanos bombardearam as cidades japoneses de Hiroshima e de Nagasaki usando armas nucleares.

ONU

Na terça-feira (24), em discurso na 68ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (24), Rowhani disse que seu país não representa ameaça para o mundo e afirmou que o programa nuclear de Teerã é pacífico.

"Fala-se muito na 'ameaça do Irã'. Mas o Irã não representa absolutamente ameaça alguma para o mundo. Sempre fomos um defensor da paz justa e da segurança completa", afirmou Rouhani.

"Devemos eliminar todas as inquietudes que existem em relação ao programa nuclear pacífico do Irã. As armas nucleares e outras armas de destruição em massa nunca terão lugar no Irã", completou.

Rouhani falou horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter dito na assembleia que aceitaria um acordo se o governo do Irã pudesse agir de forma "transparente".

"Se [os EUA] evitarem seguir os interesses de curto prazo dos grupos de pressão pró-guerra, poderemos encontrar um meio de resolver nossas divergências", afirmou Rouhani em seu discurso.

Embora tenha se mostrado cauteloso, Obama chegou a saudar o "rumo mais moderado" adotado por Rouhani em relação a seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, e disse que está determinado a testar os recentes gestos diplomáticos oferecidos pelo novo presidente ao desafiá-lo a adotar medidas concretas que levem ao fim da disputa nuclear com o Ocidente.(Com agências internacionais)