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Escócia realiza nesta quinta referendo sobre independência

Do UOL, em São Paulo

18/09/2014 06h01

A Escócia escolhe nesta quinta-feira (18) se continua a fazer parte do Reino Unido ou se vai se tornar um país independente, dando fim a uma união de 307 anos. As opiniões estão muito divididas e, a poucas horas do início da votação, pesquisas apontam vitória apertada contra a separação.  

Quase 4,3 milhões de indivíduos se inscreveram para votar na consulta, o que representa 97% do eleitorado, um número jamais registrado em toda a história eleitoral escocesa. Além disso, é esperado que a presença nas urnas ultrapasse os 80%. O resultado final deve ser divulgado nesta sexta-feira (19) por volta de 3h (horário de Brasília).

Os militantes pró-separação defendem que a Escócia é um dos países mais ricos da região, e esse seria um dos principais motivos porque a Inglaterra não quer abrir mão deles. Eles ainda querem investir em energia limpa, o aumento de impostos para garantir melhores serviços públicos e em uma política baseada em igualdade de direitos, inspirando-se em países como Suécia e Noruega, ao contrário da Inglaterra, que se inspira em países "bélicos", como os Estados Unidos.

Uma possível vitória dos separatistas assusta as autoridades britânicas. Poucos dias antes da votação, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo pedindo que os escoceses permaneçam no Reino Unido, o qual, segundo ele, "se tornou o que é hoje graças à grandeza da Escócia". "Por favor, não façam pedaços desta família de nação", apelou o premiê. "A independência da Escócia não será uma separação, mas sim, um doloroso divórcio", acrescentou.  

Além de Cameron, Nick Clegg, vice-premiê e líder do Partido Liberal Democrata, e Ed Miliband, líder do oposicionista Partido Trabalhista, se reuniram nesta terça-feira (16) e assinaram um acordo histórico chamado "O juramento", que pretende dar mais poderes ao Parlamento escocês caso o "Não" à independência vença o plebiscito e a Escócia permaneça sob asas britânicas.  

A rainha Elizabeth 2ª também rompeu o silêncio sobre o tema. De acordo com o jornal "The Times", a soberana teria pedido para a população da Escócia "pensar com muita atenção sobre o futuro".

Consequências

A independência da Escócia teria enormes consequências constitucionais, políticas, econômicas e sociais para o país e poderia deixar o país fora de organizações como a UE (União Europeia) e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Além disso, o país poderia ter um êxodo de empresas, investidores e companhias financeiras diante das incertezas de uma nova moeda e estrutura de governo. 

A independência também pode ter aspectos negativos para os trabalhistas no Reino Unido, que superam amplamente os conservadores na região e contam com 41 deputados no Parlamento britânico, diante de apenas 1 membro do Partido Conservador. (Com Ansa)