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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Zelensky fala em 'golpes poderosos', e Rússia se adapta a baixa de soldados

26.mar.2022 - Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em pronunciamento feito pelo Facebook - Reprodução/Facebook
26.mar.2022 - Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em pronunciamento feito pelo Facebook Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL*, no Rio

26/03/2022 05h33

O conflito entre Ucrânia e Rússia entrou no 31º dia neste sábado (26). Em pronunciamento no início da madrugada de hoje (horário local), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia tem sofrido "golpes poderosos", o que pode pressionar o Kremlin a ter uma conversa "honesta" sobre os rumos da guerra, segundo ele.

Hoje foram registradas explosões em Slavutych, cidade onde vivem trabalhadores da extinta usina nuclear de Chernobyl. Ao menos dez corredores humanitários operarão hoje em cidades das regiões de Luhansk, que foi alvo de ataques nas últimas horas, e Kiev, capital ucraniana, que deve entrar em toque de recolher às 20h (horário local) até as 7h.

Durante visita à Polônia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu que a Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) permaneça "absoluta e completamente unida, sem separações", em meio à guerra.

Biden está em Polônia desde a madrugada (horário de Brasília) de ontem, após ter participado de uma cúpula da Otan.

Rússia tem 'dificuldade de repor' tropas, avaliam países

O Ministério da Defesa do Reino Unido avalia a possibilidade de a Rússia se concentrar em ataques aéreos para limitar a perda de soldados, que já é considerada uma questão central. "As tropas russas estão relutantes em participar de operações de infantaria urbana em grande escala", diz.

No pronunciamento, Zelensky afirma que os russos têm se concentrado no sul, em Donbass, e na região de Kiev. O presidente ucraniano chamou atenção para o número de mortos do lado russo —afirma serem 16 mil— e disse que "a soberania ucraniana deve ser garantida".

"A integridade territorial da Ucrânia deve ser assegurada. Isso significa que as condições devem ser justas. Caso contrário, o povo ucraniano simplesmente não aceitará", afirmou o presidente.

O Ministério de Defesa da Ucrânia iniciou o dia destacando os próximos passos da Rússia em relação ao recrutamento e à perda de combatentes. De acordo com o órgão ucraniano, o Kremlin tem tido dificuldade em "repor rapidamente as perdas" e "reagrupar-se adequadamente" após as baixas de guerra.

Os militares da Ucrânia classificam como "problemática" a campanha de recrutamento para combatentes russos, que começa no próximo dia 1º de abril, devido à hostilidade dos ataques nos primeiros 31 dias de guerra.

As Forças Armadas ucranianas avaliam que as sanções internacionais aos russos e a perda de soldados em combates podem intensificar os problemas de "pessoal de qualidade" do exército russo.

Os ucranianos também afirmam que a capital, Kiev, continua sendo alvo de ataques dos russos. O relatório do início do dia feito pelos russos aponta que seis aviões e seis veículos aéreos sem tripulação foram derrubados na região de Vyshneve, próximo a Kiev.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Ataque a monumento contra holocausto

O Ministério da Defesa da Ucrânia acusa os russos de atirarem contra um monumento no memorial Drobitsky Yar, erguido contra o holocausto na região de Kharkiv. A comunidade judaica ucraniana estima que entre 16.000 e 20.000 pessoas foram assassinadas ali durante o holocausto.

A defesa ucraniana classificou o episódio como "a volta dos nazistas, 80 anos depois".

Bombardeio em Slavutych durante protesto

De acordo com Oleksandr Pavliuk, chefe militar regional de Kiev, soldados russos bombardearam a cidade de Slavutych, durante um protesto de moradores locais. Pavliuk afirma que, na cidade, vivem trabalhadores da extinta usina nuclear de Chernobyl.

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) expressou "preocupação" ao longo da semana com os bombardeios em Slavutych.

O comunicado de Pavliuk diz que os moradores exibiam símbolos nacionais e entoavam frases de efeito pró-Ucrânia quando as explosões começaram.

Granadas teriam sido disparadas, mas os moradores não se dispersaram, ainda de acordo com o comunicado. O prefeito da cidade, Yuri Fomichiv, chegou a ser dado como sequestrado por russos por aproximadamente duas horas. Pouco depois, moradores afirmaram no Telegram que ele havia sido liberado.

Pavliuk também disse que o hospital local foi invadido. Não há mortos ou feridos.

Ataques em cidades e destruição de veículos

Nas regiões de Donetsk e Luhansk, ao menos nove ataques russos foram registrados. Ucranianos afirmam que já foram destruídos oito tanques e outros 28 veículos dos oponentes.

Em Luhansk, o chefe de administração regional, Serhiy Haidai, afirmou que os russos estão atacando armazéns de alimentos. Segundo ele, já foram destruídas dez casas no último dia, e três pessoas morreram .

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que militares destruíram um armazém de armas e munições ucraniano na região de Zhytomyr. No total, de acordo com os russos, foram realizados 117 ataques nas últimas 24 horas contra instalações militares da Ucrânia, incluindo postos de comando e pontos de lançamentos de foguete.

Os militares ucranianos afirmam que o bombardeio continua na cidade de Kharkiv. Em cidades em que foram instaurados corredores humanitários, como Popasna e Rubizhne, foram registrados ataques russos, dizem autoridades ucranianas.

"Os principais esforços das Forças Armadas estão focados em impedir o avanço russo na direção de Kryvyi Rih, Zaporizhzhia e Mykolaiv", diz o Ministério da Defesa.

O prefeito da cidade de Chernihiv, Vladyslav Atroshenko, afirma que nos primeiros 30 dias de guerra a cidade de 300 mil moradores viu metade dos seus civis fugir dos efeitos da guerra. "A cidade está despedaçada", disse.

Atroshenko avalia que cerca de 200 civis morreram nos ataques. A destruição de uma ponte que liga a cidade à região mais próxima de Kiev impossibilita corredores humanitários, disse o prefeito.

Possível evacuação de civis em Mariupol

O prefeito de Mariupol, cidade ocupa pela Rússia, disse hoje que levantou com o embaixador francês no país possibilidades para evacuar civis do local. A movimentação acontece após o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmar que "operação humanitária excepcional" está sendo preparada com foco nos civis da cidade.

De acordo com Irina Vereshchuk, mais de 100.000 pessoas precisam ser evacuadas de Mariupol.

Corredores humanitários são anunciados

No 31º dia de guerra, estão previstos dez corredores humanitários para que civis possam sair das áreas de conflito e para que ajuda humanitária chegue até algumas cidades. O anúncio foi feito por Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra da Ucrânia e, temporariamente, chefe da pasta de Reintegração do país.

Serão priorizadas cidades no entorno de Kiev e Luhansk. Os civis de Mariupol deverão sair por conta própria no corredor que leva até Zaporizhzhia, informou Vereshchuk, pois não é possível chegar ônibus até o local.

Na região de Kiev, estão previstos os seguintes corredores:

  • Plesetsk - Fastiv
  • Severynivka - Belogorodka
  • Borodyanka - Bila Tserkva
  • Chervona Sloboda, Sytnyaki e Rozhev - Bila Tserkva

Ainda não há previsão para corredores a partir das cidades de Slavutych, Dymer e Ivankov.

Na região de Luhansk, os corredores são:

  • Rubizhne - Bakhmut
  • Aldeia baixa (em tradução livre) - Bakhmut
  • Lysychansk - Bakhmut
  • Popasna - Bakhmut
  • Severodonetsk - Bakhmut
  • Hirske - Bakhmut

*(Com informações de RFI, AFP e Reuters)