Doria investe R$ 1,6 mi do bolso e espera mais R$ 8 mi da Executiva do PSDB
Guilherme Mazieiro
do UOL, em São Paulo
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Marcello Fim/Ofotográfico/Folhapress
O candidato do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, João Doria, investiu R$ 1,6 milhão em sua própria campanha e espera receber mais R$ 8 milhões do partido para vencer a corrida contra o atual governador, Márcio França (PSB). No primeiro turno, o PSDB repassou R$ 8 milhões para a campanha do ex-prefeito de São Paulo, mas não encaminhou verbas para o candidato nestes nove dias de segundo turno.
Em compensação, dois candidatos tucanos ao governo de outros estados já ganharam dinheiro do partido. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a Executiva Nacional enviou R$ 700 mil a Anchieta Júnior, de Roraima, e R$ 500 mil a Expedito Júnior, de Rondônia, em 11 de outubro. Além de Doria, mais três tucanos não receberam repasses no segundo turno: Antonio Anastasia, em Minas Gerais, Reinaldo Azambuja, no Mato Grosso do Sul, e Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul.
Apesar de Doria pleitear os recursos, uma pessoa próxima da campanha disse que nos bastidores não há sinalização de que a Executiva Nacional liberará mais verbas do fundo partidário para o candidato. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o ex-prefeito queixou-se da situação, o que teria motivado a discussão com Geraldo Alckmin na última terça-feira (9) durante reunião da Executiva Nacional, na qual o ex-governador sugeriu que Doria era traidor e chamou-o de "temerista" por apoiar a entrada do partido na gestão Michel Temer.
No primeiro turno, o ex-prefeito da capital investiu R$ 600 mil em sua campanha. Nesta segunda etapa da corrida, o caixa foi reforçado com R$ 1,2 milhão, sendo R$ 1 milhão do próprio Doria, e os R$ 200 mil restantes do diretório Estadual da sigla, onde ele exerce mais influência.
O valor de R$ 1 milhão foi transferido pessoalmente por ele para sua campanha em 9 de outubro, mesma data em que houve a discussão com Alckmin na Executiva Nacional do PSDB, em Brasília. Nos registros do TSE não é possível identificar o horário da transação, se foi antes ou depois do encontro. A fonte ouvida pelo UOL disse que a transferência de R$ 1 milhão estava programada pelo menos um dia antes da reunião.
Em 19 de setembro, durante debate promovido pelo UOL, pela Folha de S. Paulo e pelo SBT, Doria reforçou que tem condições de custear sua campanha e se necessário pagaria do próprio bolso. Doria, atualmente, custeia 14,6% de sua disputa ao Palácio dos Bandeirantes com R$ 1,6 milhão. Quando venceu a disputa à prefeitura, em 2016, ele gastou do próprio bolso R$ 4,4 milhões na época do total de R$ 12,4 milhões, pouco mais de 35%. Entre os concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes, Doria tem o maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral: R$ 189,8 milhões.
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Com os novos aportes, a campanha de Doria em 2018 soma R$ 10,9 milhões em receitas. Mas a campanha mais cara entre os 13 que candidataram ao governo ainda é a de França, com R$ 14,7 milhões, sendo que apenas R$ 125 mil (menos de 1% do valor total) foi recebido no segundo turno. Outro candidato ao governo paulista que superou a casa dos R$ 10 milhões de gastos foi Paulo Skaf (MDB), com R$ 10,4 milhões. Ele terminou o pleito em terceiro lugar e declarou apoio a França. Os dados foram consultados pelo UOL junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Além do candidato, a campanha de Doria é financiada por empresários e pelo PSDB. O DEM, do candidato a vice-governador Rodrigo Garcia, transferiu R$ 720 mil para a corrida eleitoral, ao longo de setembro. Um dos empresários que financia a campanha de Doria é Abílio Diniz, que foi indicado nesta segunda-feira (15) por estelionato e organização criminosa. Diniz doou R$ 250 mil ao ex-prefeito e repassou mais R$ 950 mil para a campanha de outros 18 candidatos. No estado de São Paulo, Paulo Skaf também recebeu R$ 250 mil.
Já a campanha de França é bancada praticamente toda com verba do partido. Do montante de R$ 14,7 milhões, apenas R$ 75 mil são financiados por um empresário. O candidato não investiu em sua própria candidatura. Na sua declaração de bens consta R$ 427,9 mil. Em 2014, ele alegou ter R$ 618,7 mil.
Verbas para o 2º turno
Em nota, a assessoria de imprensa do PSDB informou que o partido vai ajudar a todos os candidatos a governador que foram para o segundo turno "e está conversando com cada um para avaliar necessidades e disponibilidade de recursos". A sigla reforçou que o assunto já foi tratado na reunião da Executiva Nacional.
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