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A alunos dos EUA, Joaquim Barbosa evita mensalão e diz que assunto "já é conhecido"

O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, fala a estudantes de Princeton (EUA) - Sissi Pinto/UOL
O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, fala a estudantes de Princeton (EUA) Imagem: Sissi Pinto/UOL

Daiane Tamanaha

Do UOL, em Princeton (EUA)

23/04/2013 16h02Atualizada em 23/04/2013 18h03

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, fez uma palestra na manhã desta terça-feira (23) na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. 

Durante a entrevista à imprensa, Joaquim Barbosa explicou que não incluiu o julgamento do mensalão em seu discurso porque “já é um caso conhecido por todos e as grandes decisões proferidas pelo Supremo têm mais importância, mais impacto e vão muito além do que as pessoas diretamente envolvidas nos casos”.

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  • Daiane Tamanaha/UOL

    Joaquim Barbosa posa para fotos com estudantes

Ontem (22) o acórdão do julgamento do mensalão foi publicado, e o ministro disse que é preciso aguardar o prazo de dez dias para que a defesa apresente os embargos e só depois começam os trabalhos para examinar os recursos. “Eu não posso falar sobre algo que ainda está em processo de decisão”, acrescentou.

Importância do STF

Para a comunidade acadêmica e brasileiros que vivem na região, ele discursou sobre a importância que o STF tem exercido na sociedade brasileira. O ministro destacou casos como a lei de cotas nas universidades públicas e a união estável entre pessoas do mesmo sexo, mas não incluiu em seu discurso o julgamento do mensalão, o mais longo história do país.

Barbosa iniciou sua palestra falando sobre similaridades e diferenças do sistema judiciário do Brasil e dos Estados Unidos. O ministro explicou que o sistema brasileiro é híbrido do sistema americano (mais distribuído) e o europeu (mais centralizado). Por a Constituição ser ampla, o Supremo pode arbitrar sobre diversos assuntos de importância social e, muitas vezes, controversos.

O recém-empossado reitor da Universidade de Princeton, Christopher L. Eisgruber, perguntou ao ministro se haveria possibilidade de o sistema judiciário brasileiro sofrer sanções, uma vez que tem tomado decisões de grande impacto sobre temas polêmicos. O ministro esclareceu que o STF tem independência administrava e financeira, seus integrantes têm cargos vitalícios e somente uma ação criminal pode destituir um ministro de seu cargo.

O presidente do STF destacou ainda o impacto social das lei de cotas nas universidades, comentou sobre a união civil estável entre pessoas do mesmo sexo, fez críticas à atuação da imprensa, que ele classificou como conservadora, e, mais uma vez, ressaltou sua posição favorável sobre a legalização do aborto no país. A advogada brasileira Cláudia Ihara, que vive em Princeton, considerou o discurso bastante interessante. “Acredito que ele tenha escolhido esses temas porque  têm uma correlação com assuntos debatidos aqui nos Estados Unidos.”

Prêmio da "Time"

Barbosa também comentou que recebeu com surpresa sua indicação como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, de acordo com a revista "Time". Ele receberá o prêmio em cerimônia em Nova York nesta noite.

Ele diz que se sente honrado e considera que sua escolha foi devido à sua atuação no Supremo Tribunal Federal. “Eu tenho uma linha de conduta da qual eu quase nunca me afasto e essa pode ser uma das razões pelas quais fui escolhido para estar nessa lista de influenciáveis.”