Mesmo com "força-tarefa" após protestos, Câmara não aumenta votações no semestre
Mesmo com a "força-tarefa" empreendida pelos deputados após as manifestações que tomaram conta do país em junho, a Câmara não aumentou o ritmo de votações no primeiro semestre de 2013, em comparação com o mesmo período de 2012 e de 2011. No primeiro semestre deste ano, foram 149 proposições aprovadas, contra 173 no ano passado e 198 em 2011.
Mesmo sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (que define as metas e prioridades do governo federal), como manda a Constituição, deputados e senadores entraram de "recesso branco" por duas semanas no último dia 18 e retomam os trabalhos no dia 1º de agosto.
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), divulgou que, no primeiro semestre deste ano, os deputados aprovaram 149 propostas, das quais 83 foram em plenário e 66 foram realizadas com caráter conclusivo na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania).
Proposições aprovadas na Câmara
1º semestre de 2011 | 1º semestre de 2012 | 1º semestre de 2013 | |
Projetos aprovados em plenário | 89 | 36 | 83 |
Medidas provisórias** | 25 | 22 | 20 |
Projetos aprovados na CCJ* | - | 71 | 66 |
Total de projetos aprovados | 198 | 173 | 149 |
- Fonte: Câmara dos Deputados. * A comissão só começou a detalhar as estatísticas a partir de 2012
- ** As MPs também são aprovadas em plenário
No mesmo período do ano passado, sob o comando do petista Marco Maia (RS), a Câmara dos Deputados aprovou 173 proposições, sendo 36 pelo plenário e 71 pela CCJ. Em 2011, o primeiro ano de Maia, o total de projetos aprovados nos seis primeiros meses foi de 198, dos quais 89 em plenário.
Após as manifestações nas ruas, os congressistas começaram a colocar em pauta assuntos que eram reivindicados pelos manifestantes.
Depois dos apelos populares, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 37, que limitava o poder de investigação do Ministério Público, foi derrubada.
Outro projeto que foi arquivado após pressão popular foi o texto conhecido como “cura gay”. O autor da proposta, o deputado e pastor evangélico João Campos (PSDB-GO), a retirou de pauta do plenário da Câmara depois que seu partido se posicionou contra a medida.
Com relação às aprovações de projetos, o plenário da Câmara aprovou o projeto de lei 3546 de 2012, do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que obriga o poder público a dar mais transparência ao determinar reajustes nas tarifas de serviços de transporte público coletivo. A matéria seguiu para votação no Senado.
Na CCJ, por exemplo, foi aprovada a admissibilidade da PEC que inclui o transporte público no grupo de direitos sociais estabelecidos pela Constituição. Como direito, a proposta permitirá ainda ao cidadão recorrer à Justiça caso ele não seja atendido de forma adequada.
O projeto ainda tem um longo caminho a percorrer: ser aprovado no plenário da Câmara e apreciado por senadores em comissões e em plenário com possibilidades de mudanças no texto.
Senado
Diferentemente da Câmara, o Senado não costuma apresentar levantamentos de produtividade ao final de cada semestre. No entanto, os pedidos das manifestantes nas ruas levaram à aprovação do projeto que inclui as práticas de corrupção (ativa e passiva) na lista dos crimes hediondos. Uma das principais bandeiras dos protestos era o combate à corrupção.
- 9843
- http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/06/27/voce-acha-que-a-aprovacao-do-projeto-que-torna-corrupcao-crime-hediondo-vai-resolver-o-problema.js
Na proposta, de autoria do senador Pedro Taques (PDT-MT), também consta a concussão (a obtenção de vantagem indevida por funcionário público devido ao cargo que exerce) como crime hediondo. O relator do projeto, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), incluiu ainda no texto da lei os crimes de peculato (funcionário público que, em função do cargo, se apropria de dinheiro ou bens públicos ou particulares) e excesso de exação (quando o funcionário público cobra, de forma indevida, impostos ou serviços oferecidos gratuitamente pelo Estado).
Ainda na mesma linha de “limpeza nos órgãos públicos”, o Senado Federal aprovou uma PEC que cria a "ficha limpa" para cargos públicos, sejam eles comissionados e de confiança ou efetivos (preenchidos depois de concurso).
A proposta impede a nomeação de condenados, em decisão colegiada da Justiça (segunda instância ou superior), ainda que o processo não tenha transitado em julgado (quando não há possibilidade de recursos), e de profissionais cassados por conselhos profissionais para cargos públicos. A matéria foi para Câmara dos Deputados, onde também será submetida a duas votações em plenário para ser aprovada e entrar em vigor. Por ser PEC, ela não precisa de sanção da presidente para vigorar.
4 Comentários
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Os nossos manifestantes, parece que temem os poderosos parlamentares. Vejo cartazes: Fora Prefeito; Fora Governador; Fora Presidenta, porém nunca vejo Fora Deputado fulano de tal, Fora Senador fulano de tal. Até nisso eles são imunes. Até nisso eles tem manifestações privilegiada. Infelizmente!
Para termos um Brasil renovado, só renovando, primeiro, os políticos que elegemos, na eleição passada, e estão aí...