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Preso pela PF, ex-diretor da Petrobras chega a Curitiba

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (20) o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (camiseta azul), no Rio de Janeiro - Daniel Marenco/Folhapress
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (20) o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (camiseta azul), no Rio de Janeiro Imagem: Daniel Marenco/Folhapress

Osny Tavares

Do UOL, em Curitiba

21/03/2014 21h34

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa chegou à Curitiba por volta das 20h desta sexta (21), onde será interrogado pela PF (polícia Federal). Costa, preso no Rio de Janeiro ontem, foi transferido em um voo comercial. Ao chegar no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, a aeronave taxiou até o terminal de carga, onde o preso foi colocado em uma viatura. A imprensa não teve acesso à operação.

Costa é investigado na operação Lava Jato --que prendeu  24 pessoas por lavagem de ao menos R$ 10 bilhões em dez anos-- e também por participar da compra de metade de uma refinaria pela Petrobras, em Pasadena, nos EUA. O ex-diretor foi o autor de um relatório que atestava garantias ao negócio e elaborou o contrato de compra. A prisão de ontem, entretanto, não está relacionada ao caso da Petrobras.

A aquisição da estatal é investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal.

O principal questionamento é o preço: o valor que a Petrobras pagou em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria –US$ 360 milhões– é oito vezes maior do que a empresa belga havia pago, no ano anterior, pela unidade inteira.

Além disso, a Petrobras ainda teve de gastar mais US$ 820,5 milhões no negócio, pois foi obrigada a comprar os outros 50% da refinaria. Isso porque a estatal e a Astra Oil se desentenderam e entraram em litígio. Havia uma cláusula no contrato, chamada de "put option", estabelecendo que, em caso de desacordo entre sócios, um deveria comprar a parte do outro.

Representantes da Petrobras negaram irregularidade na aquisição da refinaria.

Costa foi preso por supostamente destruir documentos que teriam ligação com o esquema de lavagem de dinheiro desbaratado pela PF. A operação foi chamada Lava Jato porque o grupo usava uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar os valores.

  • Arte/UOL

Transferência

Nesta sexta-feira, o advogado de Costa tentou impedir que ele fosse transferido para o Paraná. De acordo com o defensor, Costa iria se manter em silêncio até o fim da prisão temporária, que deve expirar em cinco dias a partir da captura.

O Tribunal Regional Federal do Rio Grande do Sul, que também atende o Paraná, negou o pedido, assim como a possibilidade de habeas corpus. A transferência ocorreu porque o caso está sob a Superintendência da PF no Paraná. Costa ficará na carceragem da sede da PF em Curitiba, no bairro Santa Cândida.

Costa foi intimado inicialmente para prestar depoimento na segunda-feira, dia em a PF cumpriu 24 mandados de prisão. Na casa dele, a polícia encontrou  encontrou US$ 180 mil e cerca de R$ 720 mil em espécie.

Costa teria relações com o doleiro londrinense Alberto Youssef, um dos cabeças da operação de lavagem, que também foi preso pela PF e se encontra na carceragem em Curitiba. Segundo a PF, o doleiro presenteou o executivo da Petrobras com uma caminhonete Land Rover em 2013.

No depoimento à PF, Costa negou que o veículo tenha a ver com o trabalho na Petrobras. Segundo ele, o veículo foi fruto de pagamento por serviços de consultoria, e ressaltou que deixou a Petrobras em março de 2012.

Liberado no mesmo dia, Costa acabou preso ontem, no Rio de Janeiro, por supostamente destruir documentos que poderiam ser usados como prova, afirmou a PF.