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Na CPI, presidente da Petrobras responde a 134 perguntas, mas não traz novidades à apuração

Presidente da Petrobras, Graça Foster - Alan Marques/Folhapress
Presidente da Petrobras, Graça Foster Imagem: Alan Marques/Folhapress

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

27/05/2014 16h09

A presidente da Petrobras, Graça Foster, respondeu a 134 perguntas durante mais uma sessão esvaziada da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras do Senado, mas não trouxe informações novas às investigações sobre as suspeitas de irregularidades na estatal.

As perguntas estavam previstas no plano de trabalho da CPI, elaborado pelo relator senador José Pimentel (PT -CE), e já foram feitas ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e ao ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró.

Graça voltou a afirmar que a compra da refinaria de Pasadena (EUA) em 2006 pela Petrobras “não foi um bom negócio”. Em audiências anteriores na Câmara e no Senado, a executiva já havia admitido que a aquisição, apesar de estar alinhada com o planejamento estratégico da época, teria gerado prejuízos a estatal e que era um “negócio de baixo retorno”.

A presidente da Petrobras também isentou de culpa a presidente Dilma Rousseff sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA). Segundo ela, a decisão é colegiada e são responsáveis todos da diretoria e do Conselho de Administração da Petrobras.

A declaração faz coro aos depoimentos de Gabrielli e Cerveró que também defendem que Dilma não deve ser responsabilizada individualmente.

Graça destacou que as cláusulas “Marlim” e “Put  Option”, que seriam lesivas à Petrobras, são importantes e deveriam constar do resumo técnico que foi usado pelo Conselho de Administração da Petrobras ao aprovar a compra de Pasadena.

“Essas cláusulas são comuns, mas precisam ser apresentadas, são cláusulas muito importantes e precisam ser consideradas. Minha posição é que se apresentadas elas certamente levantariam discussão. [...] É preciso saber quanto custa para sair de uma parceria”, defendeu a presidente da estatal.

A cláusula “Put Option” determinava que em caso de desacordo entre a Petrobras e a Astra Oil sobre a refinaria de Pasadena, a estatal brasileira seria obrigada a comprar os 50% da empresa belga.

Reunião vazia

A reunião desta terça-feira começou com sete membros quando aprovou a convocação do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, investigado pela Polícia Federal durante a operação Lava Jato.

No entanto, na maior parte do tempo apenas com quatro senadores acompanharam as explicações de Graça Foster. O próprio presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) esteve ausente em boa parte da reunião.

A instalação da CPI do Senado foi articulada pelo governo para tentar esvaziar a comissão mista (com senadores e deputados). O colegiado composto apenas com senadores tem apoio do Palácio do Planalto, que avalia ter mais possibilidade de controle dos trabalhos na Casa.

Já a oposição defende a CPI mista para apurar denúncias na Petrobras com integrantes da Câmara, onde a lealdade aos interesses do governo é mais frágil.

Desde o início dos trabalhos da CPI do Senado, a oposição tem boicotado as reuniões do colegiado para pressionar para que a comissão mista prevaleça com o esvaziamento da investigação no Senado.

Dessa forma, os dois convocados pela CPI do Senado estiveram confortáveis para responder as perguntas dos senadores governistas. Já deram depoimentos na comissão o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró, mas não trouxeram novidades à investigação e não prejudicaram os interesses do governo.

Questionado sobre a falta de novidade no depoimento de Graça Foster, o relator da CPI afirmou que a investigação é “requentada” e foi proposta pela oposição.

“Quando nós iniciamos a CPI da Petrobras  deixamos claro para imprensa de que essa era uma matéria requentada que já foi matéria de uma CPI em 2009 e 2010. E que era  objeto de investigação pelo Tribunal de Contas da União, existem 24 processos sobre isso, que é objeto de investigação pelo MPF e da PF. Portanto, o que nós estamos fazendo aqui é cumprindo uma determinação do STF que determinou a instalação dessa CPI com os quesitos apresentados pela oposição que não tem nenhum fato novo exatamente por conta da transparência e a forma de administrar”, afirmou o senador governista.

A instalação da CPI mista ainda depende da indicação dos nomes pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador irá nomear os últimos membros da comissão porque os partidos da base se recusaram a apresentar os integrantes no prazo.