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Executivos confirmaram exigência de propina, diz advogado de Youssef

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

02/02/2015 20h54

O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse que executivos ouvidos pelo juiz Sérgio Moro nesta segunda-feira (2) reafirmaram que os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque exigiam pagamento de propina para fechar negócios com a estatal.

Basto acompanhou o depoimento do empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal; e do consultor Júlio Camargo, que prestou serviço ao grupo Toyo Setal, na primeira sessão de depoimentos sobre a sétima fase da operação Lava Jato.

“A corrupção não era levada para Petrobras. Seus diretores, que eram indicados por grupos políticos, exigiam dessas pessoas [executivos de empreiteiras] que pagassem determinado valor, propina, para manter seus contratos. E meu cliente [Youssef] não tinha poder nenhum nesse esquema. Ele agia subsidiariamente a estes agentes políticos”, declarou Basto.

Responsabilizar políticos e dirigentes da Petrobras pela implantação do esquema tem sido uma das estratégias de defesa dos advogados dos presos suspeitos de participação no esquema.

Youssef está preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba desde a deflagração da operação Lava Jato, em março do ano passado.

“Não estou dizendo que tem anjo nesta história, por que não tem. Mas querer imputar a responsabilidade exclusivamente aos agentes privados é uma barbaridade. Todo mundo sabe que um esquema desse na maior empresa do país não funcionaria sem uma ordem de cima”, disse o advogado de Youssef.

O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, afirmou que o cliente não tem envolvimento nenhum com pagamento de propina e que seu único papel na Camargo Corrêa era o de “representação na execução de alguns contratos”.

Segundo ele, o executivo apenas cumpria “ordens superiores”. 

O defensor, no entanto, não esclareceu quais seriam os contratos nem os superiores. Oliveira também acompanhou os depoimentos das testemunhas de acusação ocorridos hoje.

Audiências

As audiências dos processos sobre a sétima fase da operação Lava Jato na Justiça Federal do Paraná em Curitiba começaram hoje.

Nesta fase, serão ouvidos os executivos suspeitos de participação no esquema de corrupção da Petrobras. Estão previstas 11 audiências a partir desta segunda-feira até o dia 18 de fevereiro.

Já as testemunhas foram ouvidas pelo juiz federal Sérgio Moro em audiências fechadas.