Após tumulto na CPI, Vaccari admite conhecer Youssef, mas nega propina
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, afirmou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras nesta quinta-feira (9) que conhece o doleiro Alberto Youssef, preso por envolvimento em um esquema de corrupção envolvendo a estatal, mas negou que tenha uma relação próxima com ele. Ele depôs após um tumulto no início da sessão, quando um servidor da Câmara soltou ratos no plenário.
Vaccari também disse que chegou a ir ao escritório de Youssef, mas que o doleiro não estava lá. Ele, no entanto, não explicou o motivo do visita, mesmo após ter sido questionado por vários deputados. Vaccari também negou que tenha tratado de assuntos financeiros do PT com Youssef. O tesoureiro negou que doações ao partido sejam propina.
O secretário financeiro do PT também disse que conhece o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco, mas negou que tenha tratado de assuntos financeiros do PT com eles.
Vaccari também reconheceu que conhece empreiteiros envolvidos na Operação Lava Jato, mas negou que exista alguma irregularidade nas doações de campanha feitas pelas empresas ao partido. Ele afirmou que conheceu os empreiteiros do “ponto de vista da ação institucional” do PT e que, como responsável pelas finanças do partido, é sua atribuição que fazer visitas a grupos empresariais para “levantar recursos” para a sigla.
O tesoureiro defendeu ainda que as doações feitas ao PT são todas regulares e submetidas à prestação de contas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Vaccari é suspeito de receber propina de contratos da Petrobras para abastecer o caixa do PT.
O tesoureiro é acusado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de receber US$ 300 mil para a campanha presidencial da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2010. Para o Ministério Público Federal, Vaccari intermediou o pagamento de propinas ao PT. As doações teriam sido encaminhadas ao partido por meio de doações oficiais entre os anos de 2008 e 2010. Youssef também afirmou, em delação premiada, que encaminhou a Vaccari R$ 400 mil por meio de um funcionário da representante da Toshiba no Brasil.
Baseado nestas acusações, o STF (Supremo Tribunal Federal) abriu um inquérito contra Vaccari para investigar sua suposta participação no esquema de pagamento de propina envolvendo a Petrobras. O tesoureiro afirmou à CPI que as acusações não procedem e voltou a negar irregularidades nas doações ao PT.
"Os termos da delação do senhor Pedro Barusco no que se refere a minha pessoa não são verdadeiros", afirmou Vaccari. "Os termos da delação de Alberto Youssef não são verdadeiros", declarou o tesoureiro repetidas vezes.
Questionado sobre a possibilidade de se realizar uma acareação entre os delatores e ele, Vaccari deu respostas evasivas. "Desde o início desta processo já emiti inúmeras notas e afirmei que estou à disposição das autoridades competentes para esclarecer tudo", disse o tesoureiro.
Sobre sua saída do PT, o tesoureiro disse que a decisão cabe ao partido.
STF garante direito de não dizer a verdade
Ontem (8), o ministro Teori Zavascki, do STF, concedeu um habeas corpus a Vaccari para que ele não seja obrigado a assinar o termo de compromisso que determina que ele deve dizer a verdade no depoimento de hoje.
A decisão responde a um pedido da defesa do tesoureiro que pretendia garantir a Vaccari o direito de permanecer calado e evitar que ele se autoincrimine, caso resolva falar. O advogado também quer impedir que integrantes da CPI peçam sua prisão caso julguem que ele esteja mentindo no depoimento. O tesoureiro também pode se comunicar com um advogado durante a sessão.
A procuradoria também defende que o tesoureiro tinha conhecimento de que parte das doações tinha origem ilícita. O juiz Sérgio Moro, que é responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância, afirmou que a tese defendida pelos procuradores "tem amparo" em depoimentos de delatores como Barusco e o executivo da Camargo Corrêa Eduardo Leite.
O depoimento de Vaccari estava previsto para ocorrer no dia 23 de abril, mas o vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), determinou a antecipação da oitiva com o tesoureiro para hoje. A mudança da data causou protestos de petistas, que atribuíram à alteração uma intenção "política”, pois sua antecipação poderia contribuir para fortalecer os protestos de manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) marcados para o próximo domingo (12).
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