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Costa diz que teve contato com Renan em "situações irregulares"

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

05/05/2015 17h30Atualizada em 06/05/2015 11h06

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras nesta terça-feira (5) que teve contato com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outros parlamentares em “situações irregulares". 

Questionado pelo deputado André Moura (PSC-SE) sobre quem seriam os políticos envolvidos no esquema de corrupção da estatal, Costa afirmou que, além de Renan, manteve contato com o ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010; os ex-ministros Mário Negromonte (PP) e Edison Lobão (PMDB); senador Ciro Nogueira (PP-PI); senador Romero Jucá (PMDB-RR); senador Humberto Costa (PMDB-PT) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Costa não explicou o que seriam "situações irregulares", mas disse que não se tratava de apenas "manter contato".

Renan nega qualquer envolvimento nas irregularidades investigadas pela PF e pelo Ministério Público Federal pela operação Lava Jato. "Nas democracias, todos –especialmente os homens públicos­– estão sujeitos a questionamentos, justos ou injustos. A diferença está nas respostas. Existem os que têm o que dizer e aqueles que não. Quanto a mim, darei todas as explicações à luz do dia e prestarei as informações que a Justiça desejar. Minhas relações junto ao poder público nunca ultrapassaram os limites institucionais", disse Renan em nota.

Esses nomes constam de seu depoimento de delação premiada. Costa não detalhou o envolvimento alegando que não se lembra de cada participação com precisão e que os dados de seu depoimentos à Justiça Federal na delação premiada são públicos.

Costa também afirmou que se encontrou em 2009 com o senador tucano Sérgio Guerra (PE), morto em 2014, para tratar de propina para evitar a criação de uma CPI para investigar a Petrobras. De acordo com ele, a empreiteira Queiroz Galvão, de Pernambuco, efetuou o pagamento ao tucano. "Não sei se foi doação oficial ou não", disse.

O ex-diretor também criticou a gestão política do governo sobre as decisões empresariais da Petrobras.

Gestão política

“O maior problema Petrobras não é a [operação] Lava Jato, Lava Jato é 10% do rombo da Petrobras. O rombo vem da defasagem do preço dos derivados. [...] A Lava jato é uma mácula dentro da Petrobras. Mas o maior problema da Petrobras é a política de preços implantado pelo acionista majoritário”, declarou Costa.

O acionista majoritário é o governo brasileiro.

Costa é um dos principais delatores da operação Lava Jato e cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

Ele foi preso em março do ano passado por suspeita de receber propina de fornecedores da Petrobras para facilitar a fechamento de contratos com essas empresas. Após fazer acordo de delação premiada, o ex-diretor foi autorizado a permanecer em casa e é monitorado pela Justiça por uma tornozeleira eletrônica.

O ex-diretor também afirmou que a operação Lava Jato deveria investigar a área de Exploração e Produção, que tem o maior orçamento. Também não detalhou suspeitas sobre essa área.

Ele assumiu que ele e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal, tinham conhecimento do cartel de empreiteiras.