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Delcídio Amaral recebeu R$ 600 mil do BTG Pactual nas eleições de 2014

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi preso pela Polícia Federal - Pedro Ladeira/Folhapress
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi preso pela Polícia Federal Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Carlos Iavelberg

Do UOL, em São Paulo

25/11/2015 16h54

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso na manhã desta quarta-feira (25) pela Polícia Federal, recebeu doação de R$ 600 mil do banco BTG Pactual para a sua campanha durante as eleições do ano passado, quando o petista disputou e perdeu o governo do Mato Grosso do Sul.

Delcídio é acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Ele ofereceu R$ 50 mil mensais para tentar convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fechar acordo de delação premiada e tentou criar um plano de fuga, segundo texto da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou sua prisão.

Além do petista, o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, também foi preso acusado de se comprometer a bancar os R$ 4 milhões da operação que planejava a fuga de Cerveró do país. Esteves é a 13ª pessoa mais rica do Brasil de acordo com a lista de bilionários da revista "Forbes" de 2015. Sua fortuna é estimada em R$ 9,07 bilhões.

O valor doado pelo banco a Delcídio foi declarado na prestação de contas entregue pelo petista à Justiça Eleitoral. No total, ele disse ter recebido R$ 24,5 milhões em doação. Construtoras investigadas pela Lava Jato também doaram: Odebrecht (R$ 3 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 2,85 milhões), UTC (R$ 2,3 milhões), Engevix (R$ 715 mil), OAS (R$ 620 mil) e Queiroz Galvão (R$ 10 mil).

Além de Delcídio, seu principal rival na disputa, Reinaldo Azambuja (PSDB) --que foi eleito governador do Mato Grosso do Sul--, também recebeu os mesmos R$ 600 mil do BTG Pactual.

A instituição é um banco de investimentos e administrador de fundos e de fortunas. O BTG Pactual tem participação em empresas do ramo financeiro, como o PanAmericano e o banco suíço BSI, e em companhias de outros ramos, como a Eneva, antiga MPX de Eike Batista, a montadora Mitsubishi Motors do Brasil e a Sete Brasil (também envolvida na Lava Jato), criada em 2010 para fornecer 28 sondas para o pré-sal.

No total, as instituições ligadas ao BTG Pactual doaram R$ 16,35 milhões a políticos nas eleições do ano passado. A campanha da presidente Dilma Rousseff foi a que captou mais recursos do banco: R$ 9,5 milhões. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que perdeu a disputa pela Presidência, recebeu R$ 5,2 milhões.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa Esteves, afirmou que seu cliente não estava presente nas reuniões gravadas em que foi discutida a suposta interferência nas investigações da Lava Jato e que ele agora busca saber em que circunstâncias o banqueiro foi citado. "André está tranquilo. Ele não participou, absolutamente, muito menos da [proposta] de fuga [de Cerveró]", afirmou Kakay.

Sobre a prisão de Esteves, o BTG Pactual divulgou um breve comunicado no qual diz "que está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e vai colaborar com as investigações".